A FLOR TUDO SUPORTA

As pessoas pisam em mim
Quando passam apressadas
Não reclamo, mesmo assim
Mais perfumo, quando pisada

Às vezes, ao pisarem, riem
E eu não me furto, florida
De tentar encantar sua vida
Embora do caminho me tirem

Pisam-me por serem distraídas
E é da minha natureza suportar
Uma vez que só vivo para amar
Com as minhas pétalas traídas

O céu é bem maior e tem amor
E jamais me pisa, temerário
Com peso, senão do orvalho
Pois teme o nosso Criador

Não ligo de serem tão ingratas
Se os pés delas fossem raízes
Ao menos à terra seriam ligadas
E não desligadas, tão infelizes

BRILHO DE FLOR

Novo dia amanhece aos meus olhos

Toda vez que uma flor raia para mim

Dissipa o breu, bravatas e abrolhos

Com o brilho de um braseiro sem fim

Transmite meiguice, além do lume

Com as dobras das pétalas macias

Inspirando a noite com seu perfume

E com as cores impulsionando o dia

Como quem lambeia os dois sabores

Perante as flores, vivo os dois turnos

Semblante doce, o coração aos pulos

Sob minhas pálpebras cintilam amores

CRIANÇA ALCANÇA

Rodopiar, piá, piá

Na picula, lá, lá

Cadê? Tá onde?

Ali… Ali, ó lá

Onde, onde...

Aonde esconde?

Ali, acolá, ó lá

Lá lá ri ri lá lá lá lá…

Crença de criança

É que tudo tá beleza

Tudo é bom, é bem

Alegria da pureza

Nunca há tristeza

Ao inocente olhar

Se tem esperança

Tem que ter criança

Há que amar, amar

Se fechar o tempo

E uma criança cai

Não há que ter medo

Tem um Deus, o Pai

Já chegou o tempo

Do amor reinar aqui

Não pode mais ter

Motivo pra não sorrir

Se faltar humor aqui

Peça a uma criança

Para achar amor ali

Ela sempre alcança!

PRA VOCÊ NÃO SOU

O que sou, heim?

No teu amor, hum?

Se nada sou, nem…

Serei nenhum…

Eu não tenho bens

E nada sei fazer

Sem nenhum vintém

Sou nada pra você

Sei que não dá pé

Muito fundo, eu sei

Nada fui, não é?

Nem sequer serei

Nada serei para a tua seleção

Não estou à altura do teu coração

Se já estive aí, você me enterrou

Em você morri, pra você não sou