domingo, 27 de março de 2016

CIDADE NATAL DO AMOR

O amor verdadeiro não depende de retorno
Pois vem do céu, em forma de semente, o amor
Que pode nascer entre cactos sem flor
E viver com um mar de espinhos no entorno


O amor é poesia que vê o sol em dia nublado
É como cego que enxerga a rosa pelo perfume
Não é escravo, mas, livremente, o seu criado
Arado se faz da tortura, na semeadura que assume


Mesmo provocado, fica triste, mas não se ira
Tira de toda dor a certeza de luta contra o mal
Mira a verdade envolvida num novelo de mentira
E a ela se firma, firme, com o apoio celestial


Então, a reciprocidade não é a cidade natal do amor
Embora seja o destino final, se Deus quiser
Já que a colheita é prometida ao homem e à mulher
Que tiver fé e coragem para semear e regar tal flor


A maternidade do amor, portanto, saibamos sempre
É o firme, constante, fiel e sábio coração do nosso Deus
Então, nunca haveremos de subestimar a semente
Lembrando constantemente, o Senhor guia os filhos Seus

sexta-feira, 25 de março de 2016

FLOR DA MINHA ALMA

Tenho uma plantinha crescendo no coração
Plantada por Deus, regada e cuidada, todo dia
Poemas que falam baixinho, mas acordam a paixão
Como adubo que alimenta a verdade com poesia

É uma flor perfumada que desabrocha
Suas pétalas iluminadas me clareiam de jeito
Raízes profundas a tornam firme como uma rocha
E, de tão crescida, já ocupou todo o peito

Flor da minha alma
Amor da minha vida
Sinto a tua presença
No miolo da crença
De uma amizade vivida

Tenho intimidade com quem ainda não conheço
Pareço já ter beijado aquela boca que não toquei
Como se a minha pobre alma tivesse beiço
E vagasse até seu endereço que eu mesmo não sei

Porque acho que a alma sabe do que não sabemos
Não é o que vemos que nos toca profundo o coração
Mas o que, no fundo do fundo, reconhecemos
Como nos faz chorar, quando ouvimos uma canção

Flor da minha alma
Amor da minha vida
Sinto a tua presença
No miolo da crença
De uma amizade vivida

O oceano que atravesso a remo
Tem ventos fortes e ondas altas
Mas não desisto, pois nada temo
Singrando o mar, não vou dar voltas


sexta-feira, 18 de março de 2016

EU SEM TI

Fraco, como sou
Tão falho, quanto enganado
Cheio de desejos, todos malogrados
Tão absolutamente primário
Pesado e enclausurado
Sem motivos pra sorrir

Meu Senhor, meu Salvador
O que seria de mim sem Ti?

Limitado, com mil arestas
Apequenado em um mundo torpe
Pobre, faminto, sedento, doente
Impuro, indolente, demente
Flutuando à deriva, neste orbe
Sem saber pra onde ir

Meu Senhor, meu Salvador
O que seria de mim sem Ti?

terça-feira, 15 de março de 2016

DILATAÇÃO E COESÃO

A voz é a foz da minha alma
Quando se eleva e se expande
Como um rio no mar
Como realizar o amor
Com a força de uma paixão

Quando cantamos
Espargimos como tinem os sinos
E voamos com as asas dos hinos
Aos infindos cantos do firmamento
Pra onde vão os dissipados cânticos

Quando dançamos
Somos como árvores ao vento
Desfolhando sentimentos
Desfrutando do contrapasso
Como antepasto do enlevo
Elevando-nos aos astros

Quando amamos e nos unimos
Aos mimos, aconchegamo-nos
No mais doce ardor
Como se o alívio fosse o calor
Fundimo-nos e nos expandimos nus
Coesa coessência eclodindo em luz

Quando dormimos, sonhamos
Onde nos encontramos sem peso
Sem corpo, sem clausura, sem defeso
Dilatados, soltos, porém, coesos
Para acordar do sono, no sonho do amor


domingo, 13 de março de 2016

A NAÇÃO NASCEU

Nossa nação nasceu
Como um broto desabrocha
Como se abre uma rosa
Como tudo floresceu


O povo saiu às ruas
Com amor ao seu país
Pais, filhos, avós e as suas
Maneiras de ser feliz


Era festa, um encontro
Sincero riso coletivo
Era um verdadeiro encanto
O nosso povo todo unido


Nossa nação nasceu
De um tempo de escuridão
Hoje, o dia amanheceu
Sob uma nova direção


O nosso Santo Rei
O Salvador que nos ama
Assumiu nosso Brasil
Onde acenderá Sua chama


A partir deste povo humilde
Para todos os continentes
O exemplo determinante
Revolucionando toda a gente


Nossa nação nasceu
Desabrochou cidadania
O quanto ela cresceu
Com a paz dessa alegria

OLHOS DE FRITAR

Queria lhe pedir
Não me olhe mais assim
Você não vê
Que eu viro água?
E evaporo nesse calor?


Não posso mais viver
Nas nuvens, não
Preciso chover, cair no chão
Mesmo que seja numa chuva
Repentina, de verão


Não posso mais me derreter
Não olhe mais assim pra mim
Assim, mais não…
Não olhe, não
Assim, não…


Essa mania de me olhar
Com olhos que parecem óleo
Olhos quentes de me fritar
Fitando a fogo alto, de soslaio
Feito um raio de liquidar
Liquidado, numa água
Não posso mais ficar


Assim, não
Assim, não dá

sábado, 12 de março de 2016

BEM-ME-QUER

Procurei sementes de bossa nova
Num disco antigo de João Gilberto
Para uma poesia ou uma prosa
Ou, talvez, um samba mais aberto


Eu tentei achar a sua essência
Na cadência daquela emoção
Logo vi que havia uma tendência
Era nada, era uma despretensão


A simplicidade do Brasil fotografada
Sob a luz que revela as suas cores
Cada nota é como pétala arrancada
Interrogando o bem-querer das flores


Bem-me-quer
Mal-me-quer
Bem-me-quer
Mal-me-quer
Bem-me-quer
Mal-me-quer


Como eu vou saber
A verdade de uma mulher?
O olhar não costuma dizer
Ou o ver não é pra quem quer


No balanço das ondas do mar aberto
Espumas explodindo na arrebentação
Isso não tem nada a ver com João Gilberto
Talvez, a correnteza do Chico, no Sertão


Do rio para o Rio, houve uma influência
Inequívoca e decisiva de um certo Tom
Capturaram a pureza do Brasil, em ciência
E a puseram num ritmo muito bom


Bem-me-quer
Mal-me-quer
Bem-me-quer
Mal-me-quer
Bem-me-quer
Mal-me-quer


Como eu vou saber
A verdade de uma mulher?
O olhar não costuma dizer
Ou o ver não é pra quem quer

sexta-feira, 11 de março de 2016

AFAGA E AFOGA

O dom de abraçar
Apertar o coração
Hábil jeito de envolver
De uma voz que tem mão

Voz que tem fogo
Um calor que propaga
Suave, se lança e afaga
Dita as regras do jogo

A voz que comanda
Que me manda dançar
A voz feito manta
De cobrir e esquentar

É a voz que me encanta
Canta e beija com o som
Soma no timbre o frisson
E me aflige a garganta

Voz que eu amo
Esse som que me chama
Eu nem sei bem como
Que me afaga e me inflama

quinta-feira, 10 de março de 2016

IRRIGAÇÃO

Ri, graça
Ri, gracinha
Irrigação
Irriga de sorriso
Meu coração

Na floresta mais densa
Da mais intensa folhagem
Passa um rio muito lento
No intento dessa viagem

O amor nasceu como um rio
Fluindo água da fonte
Não tem cabimento represa
Nem é necessária a ponte

Deixe fluírem as águas
Nas bordas do desafio
As margens se encontram
Ligadas por esse fio

O rio que dá vida à floresta
Irriga a terra e a fertiliza
É como o amor nos dá vida
É a brisa que diz Luiza


quarta-feira, 9 de março de 2016

A NUDEZ DA AMADA

A nudez não te tornaria impura
Pois que não te purificam as vestes
Porém, a lógica a que tu te ativeste
Não procede, trata-se de firula

Não convém driblar a realidade
Já que o ideal é superá-la, não fugir
Atenta ao potencial da nudez infringir
Por melhor intenção, em verdade

Comunicação não é o que pretendo
Mas o que quem ouve há de entender
A nudez, tão usada para corromper
Costuma ofuscar virtudes em dividendo

Não tenhas minha estranheza por ira
Muito menos por posse ou ciúme
Meu zelo é claro sob forte lume
De um afeto que existe e nada tira

Tanto que ri, ao ver-te risonha criança
Tanto quanto és, quando sempre ri
A tua nudez olímpica, hei de convir
É a mais pura luz que um corpo alcança

Ah, minha doce e brincante namorada
Se tu soubesses o que há nas preces
Do meu sorriso, quando o dia amanhece
Creio que te sentirias ainda mais amada


quarta-feira, 2 de março de 2016

MUDA TUDO

Quando penso em você
Minha realidade muda
Muda de flor noutras terras
Outro embrião de mim
Mudas de rosas a plantar
Criação de um novo jardim
Uma atmosfera nova
Um perfume diferente
Um céu mais azul
O sol bem mais quente


Quando penso em você
Abre a cortina
A plateia desatina
Outra tela, um filme novo
Você é outra trilha sonora
De amor, verdadeira história
Agora, diante do povo


Quando penso em você
Parece um corte branco
Entre cenas cinzas
E um colorido franco
Contraste marcante
Transição eletrizante
Pulo de uma noite escura
Para um dia claro
Sem asco...
Nasce um pé de ternura
Nas pedras de um penhasco


Quando penso em você
Meu mundo muda
Eu fico mudo
Mudando tudo
De um rosto sisudo
A um aberto sorriso
De olhos fechados
Não quero mudar isso
Meu rosto mudado


terça-feira, 1 de março de 2016

SEM ENGANO

Eu me engano com tanta coisa
Mas com você me engano não

O que percebo na voz
É como esculto o coração

É o que vejo no olhar
Que se traduz no sorriso
E o seu astral, que diz isso
Rara capacidade de amar

Eu me engano com tanta coisa
Mas com você me engano não

Sinto por onde você anda
O quanto entorna de paixão

É o que entendo no semblante
Uma assembleia de ideias boas
Um bom sentimento que ecoa
Que reflete uma alma amante

Eu me engano com tanta coisa
Mas com você me engano não

Mesmo que tenha fingido
Idos tempos, quiçá, não voltarão

Porque se algum gesto desafinou
Cantou-me a bola uma clara luz
Quem me guia é o Senhor Jesus
Prevaleceu pra sempre o amor

Eu me engano com tanta coisa
Mas com você me engano não

Se o mundo tenta nos confundir
Deus nos corrige no coração