QUAL O QUÊ...

Lábios rosados
Hálito de rosa
Pétalas macias
Moça dengosa

Qual que seria
Séria em poesia
Que teria prosa
Sorriso de rimas
Palavras lindas
E mão amorosa?

Qual me diria

Com sinceridade

Não só a idade

Tudo, todavia?

Então me amaria

Enfim, de verdade

Qual o quê...

Se falho não fosse

Mar de água doce

E amasse demais

Pertencesse à paz

Talvez merecesse

Amor florescesse

Na beira do cais

Se eu fosse raro

Um belo vaso

Em vez de raso

Seria o contrário

Querido diário

O amor haveria

Antes, eu seja

Por Deus apurado

À altura do amor

Para ser encontrado

Mais que amador

Enfim, ser amado

No entanto, requer

Ser atento ao mitiê

É mister esquecer

Não agir com o querer

Que o ser banaliza

E nos leva a perder

Abra as velas à brisa

E viva leve a viver

Deus sempre baliza

E vai ajudar você

TODAS AS MULHERES

Todas as mulheres têm esse jeito de flor
Que desperta a ternura e alimenta o amor
Toda mulher tem lucidez entre as virtudes
Sabe ser jardim com perfume de atitudes

Toda mulher tem mel e zanga de abelhas
Mas pode fazer do lar colmeia sob telhas
Toda mulher tem o apoio divino suficiente
Para apurar o marido, ensiná-lo a ser gente

Ao fazer isso, todas ganham capacidade
De educar os filhos e melhorar sua cidade
Toda mulher tem em si o futuro no ventre
E pode até mudar o mundo se for obediente

As mulheres têm esse jeito de assim serem
E florescerão, quanto mais se enternecerem
Peço a Jesus que abençoe a todas elas
Sejam satisfeitas e gratas, sintam-se belas

Aquelas que menos se amam, que acordem
Ao amor de Deus, que põe tudo em ordem

Contemplem Cristo na cruz as orgulhosas

Abandonem os espinhos, mas sejam rosas

Que todas cultivem a beleza da boa alma

Diante do envelhecimento, tenham calma

Não se volte nenhuma ao que é perecível

Pois somente em Jesus a morte é vencível

AEROMOÇA

Ela dorme fora

Fora do país

Muito raramente

Eu durmo feliz

Eu sou muito aéreo

Ela, aeromoça

Quero-a no térreo

Mas que nunca ouça

Peço pra que fique

Ela diz que não

Não dou uma adentro

Ela tá aprendendo

Com o avião

Ela dorme fora

Fora do país

Muito raramente

Eu durmo feliz

Sempre voa alto

E quase não vem

Só eu tendo milhas

Para ir também

Peço-a que tire férias

Ela diz “pra quê?”

Seu serviço a leva

Aonde até neva

Eu não vou poder

Ela dorme fora

Fora do país

Muito raramente

Eu durmo feliz

Jamais me queixo

Eu espero um ano

E nunca a deixo

Porque eu a amo

DUPLA PARTIDA

A tardinha cai como vai alguém

Eu me vou um pouco também

A cada pôr de mim, sem você

É uma noite sem fim pra viver

Eu fico bem

Porque Deus me ama

Você também

Então, não me chama

A cama parece um continente

Onde me acho intermitentemente

Acho que nunca me vi tão só

Olhando o céu, até a Lua tem dó

Eu fico assim

Porque amo você

Você, sem mim

Como vou saber?

Sabe aquela canção que eu fiz

Que te chamava de boa atriz?

Por um triz eu não quis gravar

Na última hora, preferi te amar

Eu fico triste

Mas depois me alegro

Você é feliz

E eu não te nego

Sei que não me feriu porque quis

Você só fez uma selfie em Paris

E a distância em si já é tem corte

Essa minha saudade bate forte

Eu fico aqui

Mas não me consolo

Você corre longe

Em carreira solo

FOGO QUE NÃO ARDE

O Poeta disse que o amor é fogo

Do tipo que arde sem se ver

Mas dou de lhe chamar de amor

Porque parece incêndio, sem arder

Tem nas suas abrasadas cores

Pétalas que aparentam labaredas

Mas a convivência é agradável

E os seus toques parecem sedas

Creio que o amor seja assim, brando

De paixão mansa, cavalo em pelo

Tão suave, quanto honesto e sábio

Serviço voluntário seja o seu selo

Flores como você, cujo néctar dá mel

Não se contenta em ser útil e bela

Ainda espalha um perfume que acalma

E partilha toda a ternura de sua tutela

O Poeta dizia do amor, a paixão cega

Certamente porque nunca a enxergou

Se essa flor não abre olhos inflamados

De que adianta tão refrescante fulgor?

SEM MAIS ENGANOS

Flor de ouro, reluzente
Quem a vê, não a sente
Pensa ser inolente
Com tanto esplendor
Aparência de preciosa
Nem almeja ser uma rosa
Não é mister ser uma flor

As aparências enganam
De dois intrigantes modos
Um deles é desprezar
O que impressiona e reluz
Imaginando ser enganoso
O brilho sempre vistoso
Que facilmente seduz

Cabelos de fios de ouro

Podem ter suas raízes

Não num cabeludo couro

Mas num cérebro cintilante

Cujos pensamentos vibrantes

Condizem com o tesouro

O seu coração dourado

A vida não é assim previsível

Como imaginam os entendidos

Cujo tédio, preguiça incrível

Sinaliza o horror a surpresas

E daí é que vem a aspereza

Da crua soberba, nua e gratuita

Pouco sábia, mesmo que astuta

Só Jesus na causa para salvar

Aquele que pensa saber de tudo

Tipo eu, que vivi me enganando

E fulano, que engana até o estudo

Contra um sete um não tem escudo

A não ser a ausência total de gana

Ninguém engana quem nada quer

Luto contra o meu querer

Embora todos pareçam do bem

Não tenho juízo para saber

O que é justo, o que é pra mim

Esperar em Deus, isso é certo

Às Suas surpresas vivo aberto

Semeio flores por um jardim

O Paraíso, o nosso fim

TEORIA DA BELEZA INQUESTIONÁVEL

Como ecoa a pureza na textura da pele

Fica clara a saúde da alma na tez da pétala

Sem maquiagem, essa verdade transparece

Uma virtude que se lança à superfície dela

Não bastasse o perfume, o espírito que vaza

A essência supera a íngreme rudeza da trilha

E se faz clareza, luz nas trevas da insensatez

Contra as aparências artificiais, a moça brilha

A bela senhorita, que se abre em formosura

Externa o sorriso da sua profunda felicidade

É como fruta bonita de uma saudável árvore

Cuja doçura confirma da semente a qualidade

Rosas brancas, vermelhas, amarelas e negras

Todas dizem sobre o amor, igualmente as rosas

Vem do interior e se faz na sua cor e na maciez

Reside na consistente paz e na alegria vistosa

Beleza não apenas da forma nem dos traços

Mas do semblante e da sensibilidade habilidosa

Projeta-se nos gestos da gestante e na palavra

De uma mulher sábia, prudente e cuidadosa

Uma luz que parece prece aos olhos que vêem

Seduz a afeição e expande no coração a piedade

Olha o cuidado com que a abelha extrai o néctar

E o olhar de quem ganha um buquê de bondade

A exposição do bem na superfície é professora

Além de servir de alento, ensina a todos a amar

Uma rosa não apenas perfuma e fornece ao mel

Ela é como o céu, alegra-nos saber que está lá

MISTERIOSO PERFUME

Como lençóis limpos
Estendem-se lânguidas pétalas
Línguas brancas, sem palavras
Manifestando ligeiras quedas

Lembrando puros e simples tecidos
Naturais, crus, como cambraias
Copia o recorte de lindas saias
E esbanja costura de tempos idos

Que tez tem a sensatez
Dessa formosura viva e límpida
Que reluz brancura típica
De cama de hospedaria boa!

Soa como um som de violino
Esse silêncio macio e aberto
Como um abraço armado de espera
E o aconchego de quem vê de perto

Quão convidativa se faz essa flor
Feita à medida de um apurado olfato
De fato, uma sedutora em forma e cor
Prometendo um perfume inesperado

AMOR CASTO

Ela é assim, de alma macia
Feito um quindim, dengosa
Luz de querubim, de poesia
Como eu queria um dedim...
De prosa!

Se ela um dia olhar pra mim
Com o olhar azul de rosas
Acho que vou levar um choque
Milhares de voltas honrosas

Rodando mais que ventilador
Em rotação de cata-vento
Numa usina de óleo de amor
Moendo emoções por dentro

Acho que é uma energia Santa
Canta aqui uma canção florida
Tida toda em alegria tanta
Planta cores que pintam a vida

PLURAL SINGULAR

O plural de harmonia

Amigos numa viagem

Versos de poesia

Não importa a paisagem

Ritmos e rimas

De baixo pra cima

De dentro pra fora

Risada que aflora

Notas musicais em melodia

São amigos a toda hora

De noite e de dia, tipo agora

Volta e meia, uma volta

Sem revolta, sem contendas

Entre grandes amigos

Alegria e paz armam tendas

Quanto maior amizade

Mais parecemos gente

Sem dor, sem solidão

Pássaros em formação

Formando corrente

Uma rua qualquer

Até… Uma Oscar

Maria ou José

João, Luiz, Mané

Amigos de fé

Melhoram o ar

Pra falar ou pra cantar

Sem rolo, sem complexo

Plexo solar, luar no luau

Orquestra o astral

De qualquer lugar

Amigos que se juntam

Com efeito, são misturados

Amizade é desse jeito

Se confundem no peito

Os atributos entrelaçados

AUTO-FALANTES FLORAIS

Por florais megafones
Ouvimos os cantos
Talvez do horizonte
Do coro dos anjos

Palavras que dançam
Aroma em coreografia
Que envolvem o olfato
De fato, luz de estesia

São cálices de néctar
Mensagens dos céus
Animando os amores
Em vão são os véus

A cantiga da floresta
Que parte das flores
Das partituras puras

Das raízes...
Felizes compositores

Músicas e poemas soam
Perfumes assumem o ar
Cordas florais numa harpa
De dedos femininos tocar

Feitas de pétalas acústicas
Lúdica engenharia de som
Observar a sua arquitetura
Ver a ternura, como é bom!

Ver nas flores os cantadores

E nos que cantam, grande elixir

No perfume, ouvir a canção

E nas canções, o aroma sentir