sábado, 1 de julho de 2017

BEIJA-DEUS

Só um pássaro que se estende
Para conhecer da flor o néctar
Não é como sempre se interpreta
Que a essência nos surpreende

Há que buscar o mel na fonte
Num viajar que mira o horizonte
No beijo que requer asas ágeis
Depois de rodeios inimagináveis

Antes de tudo, um coração puro
A leve tenacidade de um colibri
Mister voar, que é como sorrir
E tentar não reclamar do apuro

Ao tirar a casca, saber ser suco
Ao coar o suco, enfim, o extrato
Ver-se em pó, desidratado muco
Quando tudo se for, vai o maltrato

O que fica é a humildade, a pureza
Assim é um beija-flor, simplesmente
Bem além da flor, seu nutriente
O que o contenta não é só a beleza

Busco o divino como o colibri beija
Amador, sou um poeta de adoração
Vejo a Deus no âmago da criação
Ainda mais na flor, quanto mais seja

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