quarta-feira, 31 de maio de 2017

MAR DE FLORES

Imagino o frescor da brisa
Que vos alisa, quando passa
Levando consigo o aroma
E toda a soma da vossa graça

Ó, mar de flores, onde desaguam
Rios de amores em que navegam
Cintilantes e sonhadores ideais
Repletos de histórias e de sais

"Sins" que desafiam o cais
Naus que vencem os "nãos"
Tantos sonhos navegadores
Levantam velas, cortam chãos

Ganham os rios em desafios
Novelos de linhas a costurar
Ligam extremidades como fios
Condutores de amor ao mar

TIRANIA AO ALVO

O que posso tirar do que sinto
Como servo, observo a gritaria
E vejo o ensejo insano da tirania
Tirando tudo de um povo faminto

Está chegando ao fim
Olha o que tem acontecido
Nunca se imaginou parecido
Graças a Deus, justiça enfim

A tirania tira a liberdade
Enfoca o mal, sufoca o amor
O que mais tira a tirania?
Além de tudo, tira a alegria
Era só tristeza da vida dura
A inquestionável escravatura
E a ganância que ditava a dor
O que se tira da tirania
Senão o lamento trabalhador?

Está chegando ao fim
Olha o que tem acontecido
Nunca se imaginou parecido
Graças a Deus, justiça enfim

Queriam sufocar a justiça
E isso não passava de tirania
Tirano tirando uma
Tirano tirando tudo
Tirano tirando vidas
Tirano subornando mais de dez
Tirando da pauta as dez medidas

Está chegando ao fim
Olha o que tem acontecido
Nunca se imaginou parecido
Graças a Deus, justiça enfim

Viva a vida! Viva a democracia
Fora medo, fora engano, fora apatia
Renova de fora a fora
Fora qualquer tirania!

Em todo lugar, tinha infiltrado
Filtrava dados até no noticiário
Cobra que cobrava
Do proletário, imposto muito, muito alto
Cobra que enrolava
E não cobrava do milionário
Só os que trabalhavam, “mãos ao alto”!

A tirania chegou ao fim
Tire do que tem acontecido
Nunca se imaginou parecido
Graças a Deus, justiça enfim

domingo, 28 de maio de 2017

VOSSO IMENSO AMOR

Por confiar na Vossa misericórdia
Não me condeno, perdão espero
Conheci o Vosso apoio sincero
E Vos venero, em plena concórdia

Deus maravilhoso, nosso Protetor
Guardai-nos de todos os males
Acolhei-nos no Vosso imenso amor

Deus da nossa vida, Pai amoroso
Perdoai-nos e purificai a nossa alma
Consolai-nos no Vosso coração bondoso

Tende piedade, ó, Senhor!
Tende piedade do Vosso servo
Tende piedade, meu grande Amor

sexta-feira, 26 de maio de 2017

PALAVRAS DE MEL

Que abelha fez da minha boca uma colmeia
Que as palavras, antes duras, parecem mel?
Mudou meu DNA, escreveu outra odisseia
Esse amor que me tomou e me enterne-céu

Para viver no céu sem ter que sair da Terra
Deu-me Deus essas asas, e a profunda raiz
Com a seiva que me faz vivo e respirar feliz
Bato poesias e alço vôo com a voz sincera

Não existe, neste mundo, quem nunca erra
Mas o amor nos aperfeiçoa e nos faz humildes
A ponto de sempre saber que errar incide
No santo arrependimento dentro da espera

Como a pedra é lapidada e aumenta o brilho
Nosso Pai nos conduz ao profundo exame
E a dor de ter errado, quanto mais nos ame
Maior a repreensão amorosa de Pai pra filho

Eu me ardo em brasa e me derreto de paixão
Pelo meu Senhor, meu Deus, meu Pai amado
Quanta experiência difícil, o amor malogrado
E eu esqueço no riso que não cabe no coração

Ao meu Senhor Jesus, agradeço tanto, tanto
Quanto meu amor transborda e se espalha
E me alarga e me aquece como fogo na palha
E me valha… É pelo amor de Deus que eu canto

VALORES

Diferentes das preciosas pedras
Respiram as deliciosas pétalas
Da jóia viva, de perfumada beleza

Geme a flor em buquês de poema
Enquanto se mede o valor da gema
Pela raridade e o grau de dureza

Ambas belas, mas a que morre
É a que está viva, ardente e mole
Amolecendo e enternecendo a lida

Ambas belas, mas a que mais dura
É a que pode me lançar à vida escura
De só valorizar o que não tem vida

quinta-feira, 25 de maio de 2017

AZUL

Imagem que enche meus olhos
Paisagem de alma cheia de luz
Parece líquida e aqui transborda
Feito uma chuva dos teus azuis

DO CÉU

Olho para o firmamento
E me deixo vago no anil
Perco o foco e me perco
Além do teto do Brasil
E nesse azul que cobre
Toda a terra, além da serra
E atrai meu olhar imigrante
Atrás do horizonte, encerra
A saudade, trás os montes
Que atrai a alma, distante
Dá a entender que o azul
É a cor deixada no infante

DO MAR

Sem asas, em queda livre
Mergulho no escuro do tom
Do Azul da Prússia ao noturno
Todas as notas dentro do som
Outra imensidão, outro azul
Mais uma navegação vasta
Nas ondulações dessa dança
A que me dou, e não basta
Submerso numa poesia casta
Sou um náufrago, nu, sem nau
Mal consigo erguer meu braço
No marinho do chão celestial


terça-feira, 23 de maio de 2017

AME-A, MAS NÃO A LEVE

Com a leve desorganização das pétalas
Ela revela seu despojado amanhecer
Como cabelos despenteados de uma mulher
Cujos pensamentos descansam do saber

Essa beleza natural de terna humildade
Não pretende a rigidez de ser intocável
Aquela beleza que só se admira de longe
Ao contrário, reside na maciez maleável

Que em vez de distância, promove abraço
Uma flor que se parece com o mole barro
Que se expõe à vida e se entrega ao amor
Que a amassa e faz do nada um lindo jarro

Quanto mais aprecio e conheço, mais admiro
Como amigo, sou um admirador, um aprendiz
Se antes me preocupava, eu a queria pra mim
E assim já sofria com medo de não ser feliz

O egoísmo nos afasta do verdadeiro amor
Porque a flor não nasceu para ser de alguém
Só tem vida, se presa à terra, fiel à sua raiz
Quem a quer para si, não lhe deseja o bem

Rendo-me à contemplação
Desprendida e leve
Não só como amador
Mas alguém que escreve
E precisa da verdade
Porque o amor persegue

Diante da despojada flor
Nesta vida, mais que breve
Vi o sentido do eterno amor
- Ame-a, mas não a leve!

segunda-feira, 22 de maio de 2017

DOA-SE QUE ATORDOA

A arte de se doar em doçura
Faz as flores pertencerem à partitura
São músicas vivas, materializadas
E a dança, que segue o ritmo, seu tutor
É o perfume que ela exala desvairada
Se se doar dói, ela não liga para a dor
Deve ser uma exigência de ser flor

Mas é difícil para o beija-flor avoado e prosa
Que, frenético, do seu néctar se alimenta
Entender a aparente indiferença da rosa
Que se doa de modo impessoal e lenta
No mais das vezes, planta-se independente
Sempre bela, o tempo muda, ela nem sente
O colibri se desconcerta, mas não se isenta

domingo, 21 de maio de 2017

AMOR QUE SOMA

Se a flor é o rosto da planta
Que semblante! Que lucidez!
Virtudes desfilam na sua tez
Quanta ternura na face santa

A textura fala mais que texto
Têxtil expressão da boa alma
Uma superfície que soa a fala
“Meu amor não tem pretexto”

Não busque poeta a namorada
Na face de flores de tal aroma
Não basta ter boca, não é Roma

Mesmo que ela seja muito amada
Cerque de amizade o admirá-la
Sem arrancá-la, amor que soma


AGORA EU SEI

Pra quem tu ficas bonita
Quando creditas à pintura
Que nunca esconde a doçura
Nem a inteligência bendita?

Pra quem tu dedicas tua vida
Que te enche de tanto ânimo?
E esse entusiasmo que amo
Que exala o belo sem medida?

Para quem tu danças e cantas
Que ganha ainda mais encanto
Tanto quanto eu ainda me espanto
Se não enxergo virtudes santas?

Por amor a Deus que tu vives
Para Ele é que tu és essa flor
É por Ele que tu exalas o olor
Por isso, não ficarei mais triste

Quando não enxergava a raiz
Eu a queria pra mim, e sofria
Agora tudo seu me traz alegria
Sei que és fiel e que já és feliz

Encerro os meus vãos esforços
De um sonho que não é legítimo
Por isso, maltratava meu íntimo
E até esmagava os meus ossos

quinta-feira, 18 de maio de 2017

A ESPERA E O SONHO

Até a tristeza parece bela
Se ela estiver na tua face
Até lágrima seria orvalho
Que a tua tez alcançasse

O semblante não lembrasse
Precisava te ver bem mais
Talvez, vinte vezes por dia
E a minha poesia teria paz

Se ainda fosse um rapaz
Capaz de esperar cem anos
Hibernaria dentro da certeza
De que esperaria, sonhando

terça-feira, 16 de maio de 2017

SEJAIS VÓS

Flores, guardai na vossa tez
A melancolia dos meus olhos
Amolenteis meu olhar com óleos
Do puro extrato da vossa maciez

Mulher, agi com os instrumentos
Que Deus deu, sobretudo a lucidez
Ao homem da vossa vida, ameis
Nunca negueis vossos sentimentos

Mulheres e flores, vós sois iguais
Aptas a tornar jardim qualquer selva
Amansai os homens na vossa relva
Há espinhos, porém, que são florais

Tendes a chave do mundo mais feliz
Pelo vosso amor, um homem chora
Do mesmo modo que a mãe decora
O coração do filho e o caminho lhe diz