AURA DO PAPEL

És simples, pura, inocente
Sinto amor no teu perfume
Está no ar que ele assume
O teu lume incandescente

És um poema de Deus
Com lindas rimas rosas
De leves pétalas, sílabas
De palavras luminosas

És uma estrela que brilha

Para todo lado, tens raio

Mesmo o olhar de soslaio

Ilumina o olho que mira

Existem estrelas no céu

Também há estrelas do mar

E essas estrelas de mel

Que vivem aqui a perfumar

Como explosão, o esplendor

O sorriso que ora se abre

Deflagra, na ogiva não cabe

Da diva propaga um fulgor

No palco, é como entras tu

Ante uma arrebatada ribalta

Reflete na atuação a luz alta

Acima do papel, o paspatur

Fazer um papel, toda atriz

Mas essa moldura da aura

Luzir o dourado de uma laura

Mister dar a alma e ser feliz

A SABER, UM MISSIONÁRIO

O Senhor me guia, o Senhor me diz

Por onde andar, o que fazer e dizer

Não duvido do amor nem do cuidado

Não tenho do que duvidar nem temer

O Senhor é o meu Pastor

Para o que der e vier

Se me movo pela fé

É por amor que eu vou

Deus age em mim e assim se manifesta

Seja na minha vontade ou no meu agir

Sou o Seu escravo, disposto e entregue

Para levar fé, amor e a paz de nos unir

O Senhor é o meu Pastor

Para o que der e vier

Se me movo pela fé

É por amor que eu vou

Sob o fogo ardente da fornalha de Jesus

Tenho aprendido que tudo alcança, a prece

Não posso hesitar, mas na firme esperança

Minha alma tem sido provada e se aquece

O Senhor é o meu Pastor

Para o que der e vier

Se me movo pela fé

É por amor que eu vou

Por mares de integridade e rios de justiça

Deus quer que vivamos em paz, com amor

E nos oferece o Seu poder e a Sua Palavra

Para o humano resplandecer em divina flor

MEU ERRO, O SEU AMOR

Peço, Senhor, que me perdoe

Pois me dói ter lhe ofendido

Toda vez que estava perdido

É por minha culpa que eu apanho

Com conhecimento adquirido

Fui atrás de algo estranho

Semeei por um imenso ganho

Em terras ignotas, sem discernir

Feridas profundas, sem tamanho

Era uma demanda a me afligir

Essa necessidade de me iludir

Mas nada disso me dá razão

Com rosto em terra, a lhe pedir

Do fundo da alma o Seu perdão

Que nada tire a minha paixão

Não abale o amor nem minha fé

Não culpo nada nem meu irmão

Por passo dado pelo meu pé

Não aconteça o que eu quiser

Só a Sua vontade na minha vida

Nem mesmo o que parece que é

Se não for pelo Senhor decidida

Que não se diga nem seja ouvida

Nada que não aprove se realize

Ouça minha oração agradecida

Seu amor acima do meu deslize

O Seu livramento foi que me disse

O quanto me ama e zela por mim

Derretido de amor, meu Senhor

É como estou… Assim, assim...

TERNURA DA MANHÃ

Possível e fácil de apreciar
Como uma cena em câmera lenta
Aqui, suavemente e fiel, está
No amanhecer em flor
A visão que alimenta

A nossa esperança de amor
Diante do Sol da manhã tão terno
Podendo ver os raios solares
Nos detalhes do olhar materno

Cada pétala emitindo promessas
Do perdão que a alma alcance
Do afeto paterno de protetor aconchego
Do voo ao eterno, que um dia se lance

AMOR NO OLHAR

Numa distração do cercado
No vão das tábuas, curiosa
Vê-se branca a irmã da rosa
Com vestido verde, folhado

Vendo o movimento na rua
Como uma moça na janela
O mesmo amor do olhar dela
Como o poeta olhando a Lua

O olhar brilha e reflete o astro

Um lastro fúlgido tenta fugir

Mas não escapa naquele ato

De, se ativado, não suprimir

CAMINHADA

Estendido e posto, o mágico tapete
De navegar com os olhos, não de voar
E andar por entre as flores e as cores
Com as mãos em arrasto de acariciar

Pela planície, planos brotam e vagam

Sem pressa de chegar ao divino alvo

Sem estratégia, mas repleto de fé

Vou andando a pé, contemplando calmo

Não é utopia o que vejo no horizonte

Sou guiado por Jesus, meu Salvador

Passo a passo, posso Nele o distante

A qualquer instante, chegar ao amor

ENTRE OS DIAS

Dias que são da semana, dias do mês

Muitos espalhados ao longo do ano

Um atrás do outro, obedientes à fila

Dia após dia, destacando um decano

Quando um dia nasce no nosso coração

Com justiça, o chamamos de data festiva

Pode ninguém entender misterioso motivo

Mas quem a guarda, a tem como diva

Sempre lembrada, nunca esquecida

Gravada na memória, mas não é nostalgia

Por certo que mexe com as emoções

Mas é sempre de uma candura de poesia

Cheiro que acorda na temperatura da alva

Som que desperta o amor, já na calada soa

Voa sobre a flor um passarinho que canta

Uma prece de felicidade que Deus abençoa

A FÉ E O SONHO

Com a maciez de um abraço caloroso
Mostra no rosto sua alma de travesseiro
Nota-se um colo recatado e formoso
No traço generoso de curvas e cheiro

Hei de contemplar cada parte do inteiro
E a integridade perfeita no olhar amoroso

Rara expressão de abrasador sentimento
Como um abraço armado para o avanço
Sem ranço, prenhe de amabilidade, manso
Remanso em forma côncava de acolhimento

No espelho do pensamento suspenso

Como uma imagem congelada, um quadro

Dentro dos meus olhos, outrora inundados

Vejo fúlgido o seu olhar de céu intenso

Na longa noite, um amanhecer pretenso

Parece rebentar de um embrião enterrado

Prometendo fruto, flores e folhas ao vento

Sereno nascer de um sonho já maturado

DIVINO LUME

Diz, minha amiga Flor
De onde tira tanto esplendor?
Diz se vem da raiz
Cante se é o fertilizante
Não deduzo que seja adubo
O que te põe de pé…

É o amor de Deus, não é?

Certeza que toda essa beleza

Vem do intenso e divino lume

Por isso esbanja esse perfume

Portanto, esse tanto de realeza

Nota-se na sua floral presteza

De doar-se em néctar ao mel

Essa sua intimidade com o céu

Não é prosa nem só proeza

O dom de atrair seres alados

Como o da Lua, não aos lobos

Mas aos poetas e outros loucos

Que gravitam nela, agradados

Por isso dizem, a Lua e as flores

Em comum, produzem poesia

Uma, de noite, as outras, de dia

Inspiram as escritas e os amores

É SÓ TE VER

É só te ver...

Que minh'alma se alegra

Sem trégua

Sem regra

Feito um passarinho

Cantando a se esgoelar

É só te ver…

Que flutuo em piruetas

Rodando feito roletas

Macacos pulando em galhos

Gritando que nem as gralhas

Revoada de borboletas

É só te ver…

Que segunda vira domingo

Dia de feira é feriado

Não tem nada de errado

Como dois mais dois é cinco

É só te ver

Trinca a tranca, desanca o trinco

Tanto eu canto quanto brinco

E o peito desata lés-a-lés

É só te ver…

Que o chão some dos pés

Parece não ter nenhum viés

Entre o ver-te e as vertentes

É só te ver…

Que os olhos se enchem d’água

Eu, que baldeava as mágoas

Agora me esbaldo a transbordar

QUERO-TE FELIZ

Não sei o que te faz agir assim

Mas respeito

Tu podes não saber ser feliz

Mais respeito…

Talvez, tu penses que se faz jardim

Onde se plantam ervas e urtigas

Mas não dá rosas, cravos nem jasmim

Verdades não convivem com mentiras

Tintim por tintim, tome mais cuidado

Será que o sutiã cobre os teus anseios?

Não vê que febre terçã só surte receios?

O que tu semeias em teu quadrado?

Tome mais cuidado! Cuide dos meios

Pelo amor do Senhor do Bonfim

Do que tu lanças mão

Havendo a sabedoria

Buscas na psicologia barata

E ratos, no porão...

Fico feliz, como amigo, ao te ver sorrir

E te respeito

Mas jamais sorrio, ao quase te despir

Mais respeito

Ao te abraçarem em quadros de colorir

Depois de te dizerem algo no ouvido

Tento compreender, sem me omitir

Se isso é felicidade (em que cidade?)

Eu duvido!

TIATÃ TODA MANHÃ

Ouço de longe o assobio

Lá no lajedo do riacho

Tiatã canta “chego já”

Ele quer, é o que eu acho

Cantar só pra me acordar

Vem aqui pra me convidar

Cantando de galo, toda manhã

Todo dia se adianta e canta

Na mania de me acordar, Tiatã

Ouço chegar de mansinho

De galho em galho, ele vem

Aos pulinhos, sem voar

Eu sei que quer o meu bem

E só vem pra me lembrar

Vem aqui pra me convidar

Cantando de galo, toda manhã

Todo dia se adianta e canta

Na mania de me acordar, Tiatã

Tiatã é um passarinho azul

De azulão ele é chamado também

Um famoso cantador do sertão

Canta a dor com paixão, o meu bem

ARTE DE DEUS

Por onde brotam, seja onde for

As poesias de Deus criam jardim

São perfumadas e deleitam a alma

Olhos que a vêem olham com calma

Os versos que parecem não ter fim

Pipocam pelos campos, em todo canto

Encantam com ternura e pureza natural

Em tudo que é belo, o amor transborda

Ainda mais numa composição musical

Notas que florescem uma canção

Como num cuidadoso arranjo floral

Adivinhando o espaço interno final

Enfeitam de estesia um coração

Ouvidos de enxergar todas as cores

De quem abre o peito com coragem

Para notas que chegam na aragem

E enfeitam a alma como flores

De Deus é que vem toda formosura

Os artistas são meros instrumentos

Eles O ouvem com corações atentos

E se dão ao serviço, nunca à altura