sábado, 31 de dezembro de 2016

O QUE O VENTO NÃO LEVA

O tempo é o contravento
Que lança os resíduos para trás
Enquanto vamos, mesmo com calma
Esculpem o corpo, lapidam a alma
Até os minutos de paz

Então, faça um balanço
Um inventário sem inventar
Pois que o que o vento não leva
E o tempo não parou de passar
Tenha como alento que eleva
A vida ao melhor patamar

Quando no ano que vem
Apesar do vendaval, do turbilhão
Princípios foram honrados
O amor, portanto, guardado
Os amigos ficaram no coração
Considere-se um vencedor

Porque o tempo leva a poeira
Como o vento, o que não tem liga
E não há quem não diga
Vão-se os anéis e todos os medos
Fiquem os amores e os nossos dedos
Vivamos sem segredos e sem intriga

FELIZ ANO NOVO
2017 VAI SER MELHOR!!!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

IRRADIAÇÃO

Que Lua de ouro és tu
Quando chegas de tarde
Antecipando-te à noite
Com tua luz que arde

Dourada, tua pele nua
Inventa outro arrebol
Em luz que é toda tua
Realçada no pôr do sol

Fazem fogueira os cabelos
Esvoaçados em chamas
Pergunto se tu só queimas
O peito de quem tu amas

Porque se é esse o sintoma
Transferência de forte calor
Quero dizer-te antes da alva
Que hoje eu vou morrer de amor

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

EU TE AMO ASSIM

Esse sorriso tão límpido
Decerto que não mereço
Dizer-me tão puro e claro
O verbo que não esqueço

Sublimes olhos do olhar
Como astros cheios de vida
Alinhando-se em brilho lunar
Luar com ares de decidida

Os seus molhados cabelos
Sobre a pele úmida e macia
Dizer-me com tanto zelo
O que eu nunca merecia

Correndo como quem vem
Lançando-se aos braços meus
Ao vê-la saindo, corri também
Na sua face vejo a de Deus

Que loucura ao ar livre
Formosura em plena praça
Certeza, não estou à altura
Mas hei de honrar a graça

E quando achei que era muito
Uma frase suspensa pesou
Como chuva de bençãos
Tão elevada que me elevou

A fidelidade do último quadro
Tão emblemático para mim
Diz o tom com que canto:
Meu amor também é assim

VOCÊ DE BICICLETA

Você de bicicleta
Na paisagem natural
Nascem flores no caminho
Canta alto um passarinho
Acena feliz um vegetal

Um coqueiro alto se curva
Borboletas em revoada
Os raios do sol nos cabelos
As rodas estalando gravetos
Sua elegância na estrada

Você de bicicleta
Deixa o perfume na brisa
Alquimia que desafia a ciência
Amalgamas de duas essências
Uma chama que se eterniza

Você de bicicleta
Parece que passa, mas fica
Nunca mais será o mesmo
Folhas não cairão mais a esmo
E a floresta ficou mais rica

Você de bicicleta
Equilíbrio híbrido do dia
Aerodinâmica de atirar
Anatomia de flecha ao ar
Que penetra na poesia

Você de bicicleta, realiza
O que, de impulso, ouso sonhar

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

DEHOJE

Dehoje que eu te vejo
Dehoje que eu te quero
Dehoje que eu espero
Que hoje seja o dia

Dehoje que eu desejo
Dehoje que eu te chamo
Dehoje que eu te amo
Não é de hoje, esse dia

Cadê você, amor?
Aonde deixa passar o dia?
Tu tás em Porto Seguro
Eu, na cidade da Bahia

Será que eu tô maduro
No escuro a tatear?
Será que já passei
Ou ainda tô de vez
Talvez, verde em teu olhar

Mas é dehoje que te vejo...

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

LUZ QUE ACENDE

Ver em toda mulher Maria
É como associá-la com flor
Na pureza do seu olor
Na imagem luz da poesia

Se vejo na rosa a mulher
Na luz de Maria, vejo você
Mas vê-la além de saber
Você em Rosa, é ter fé

Se me permite vê-la nua
Percebo sublime alegria
No passar da menor brisa

Além de vê-la na luz da Lua
Vejo a luz de Rosa em Maria
No coração, acende Luiza

domingo, 25 de dezembro de 2016

HARMONIA COM A BAHIA

Imagino a tua suave cintura
Acentuar-se no molejo do caminho
Irregular das ruas do Pelourinho
Revelando mais que a tua ternura

Os teus delicados pés em sandálias
Moldando-se aos relevos das pedras
Na coreografia cuidadosa que operas
Pelas rústicas ladeiras em que ralhas

Sem falhas no caminhar nem no ver
Afinal, teus olhos costumam iluminar
E não serão diferentes, sob o luar
Nem ante do sol de Salvador, a saber

Saberás, portanto, enxergar a beleza
Dos mistérios que pintam por aqui
Com olhos de azuis que hão de arguir
Contra o que costuma dar tristeza

Vejo-te olhar e sorrir com a doce brisa
E os teus cabelos agirem como o mar
Fazendo ondas de mechas a dançar
E assim te vejo na Bahia, Maria Luiza

sábado, 17 de dezembro de 2016

QUANDO VOCÊ ESTÁ CHEGANDO

Como eu sei que você está chegando?
É como se estivesse sentindo o cheiro
Ouvindo uma canção...
Vem uma brisa, chega primeiro
E muda o clima, me põe pra cima
Bate forte o coração

Como eu sei que você está chegando?
A janela se abre e a porta escancara
Como se toda a casa soubesse
E ela quisesse que você entrasse

Como eu sei que você está chegando?
É como se sentisse um súbito enlace
Acho que acende uma luz no peito
Ou como se um cometa passasse

Como eu sei que você está chegando?
Não sei como, eu só sei quando
Porque as horas ficam lentas
E a alma não aguenta e festeja, pulando

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

AGORA EU RIO

Com puro gesto de amar
Espero dentro do enredo
Com zelo a desenovelar
Sem despetalar o segredo

Quase dando um beijo
Busco sem medo o fio
Da meada do desejo
Que, sem jeito, se partiu

Como agulha no palheiro
Ou, no deserto, achar um rio
Quase pedi um sombreiro
Para vencer o desafio

Mas hei de desfiar o novelo
Cujo mistério está por um fio
Não como quem caça ligeiro
Mas como o mar espera o rio

Como amar em desvario
Como o mar se faz com o rio
Como passear de barco
No interior do teu abraço
Enfim, de tudo eu rio
Sorrio, sorrio…

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O MAR É QUE SABE AMAR

O mar marcou o arco
Da praia do pescador
Com as espumas alvas
Das ondas do seu amor

O mar é que sabe amar
Eu não, eu não sei

O mar mareja e alisa
Lambe a tez da sua praia
O ousado levanta a saia
Sua maré vem feito a brisa

O mar é que sabe amar
Eu não, eu não sei

Não sou manso, porém, latente
Nem preeminente em tempestade
Talvez não tenha tanta saudade
Quanto o mar, do continente

O mar é que sabe amar
Eu não, eu não sei

Talvez eu seja deserto
Decerto, um lago, paroano
Sou o contrário do oceano
Se quero amar, nunca acerto

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

ESPELHO DE MAQUIAGEM

A moça e o espelho
A pretexto de maquiagem
Ela cria olhos nas costas
E continua a viagem

Ela vê quem está atrás
E sorri sobre o batom
Retoca o olhar de lado
E anula todo o som

Quem sabe, ela se protege
Talvez encontre um amor
O espelho de maquiagem
É um bom retrovisor

Ela talvez não saiba
Que os meus olhos ávidos
Só buscam inspiração
Não o batom dos lábios

Ela talvez não veja
No reflexo do pequeno espelho
Que o olhar carente de um poeta
Não é de gato nem de coelho

A CÉU ABERTO

Ai de mim
Falando tanto assim
Revirando, cavando
Remoendo o coração

Ai de mim
Falando tanto assim
Triturando toda a dor
Cavucando a paixão

Só achei, saudade
Não achei saída
Pois que a verdade
É passagem de ida

Ai de mim
Falando tanto assim
Expondo-me ao ar livre
Entendendo a alma no chão

Ai de mim
Falando tanto assim
Lavando a roupa suja
Com a água do tufão

Só encontrei desprezo
De quem me viu de perto
Ai, meu Deus, que aperto
Nu, assim, a céu aberto

domingo, 11 de dezembro de 2016

NÃO VOU

Não vou cultivar a dor
Quanto mais quiser me fazer sofrer
Mais entrego a Deus o meu amor
Porque Ele sabe o que fazer

Não vou alimentar saudade
Prefiro a verdade
Não vou chorar
Já chorei demais
Agora prefiro viver em paz

Você não sabe amar
Porque o orgulho não permite
Em vez de se doar
Você dá ré com sua rinite
Em vez de se entregar
Você sonha em dominar
E se valoriza como elite

Não vou me desesperar
Com tanta aparência de insensatez
Talvez tudo isso seja ilusão
E por dentro você tenha muita paixão
E tenta esconder sua limpidez

É TUDO O CONTRÁRIO

É a percepção do avesso
Do outro lado do contrário
Onde o mal parece espesso
E o crédito, bem temerário

Raciocínio sem fundamento
Barracões sem o alicerce
Tudo cai com o menor vento
É a verdade que a luz exerce

Criança crê em tudo que ouve
As palavras são sementes
Imagine cultura que mente
Na mente do meninos, hoje

O mundo ensina a rumar para um lado
A Vida nos faz perceber que não
E as consequências do que está errado
A gente só supera na contramão

Muitos filmes de Hollywood
Se baseiam no sabor da vingança
E acaba incutindo em quem se ilude
Falsa justiça numa débil esperança

Sem perdão, não existe amor
Sem perder, ninguém vence na vida
A renúncia é que significa vigor
A força está em quem acredita

Mas não se renuncia ao amor
Porém, ao domínio e a todo poder
Quem se entrega enfrenta a dor
Do orgulho e o competitivo querer

sábado, 10 de dezembro de 2016

FERTILIDADE

Um coração sofrido
De alguém que foi traído
De alguém que foi cuspido
Pisado e maltratado
Até…

Mesmo que sinta a dor
Não perde o seu amor
Nem é de guardar rancor
E desbotar sua cor
Nem é…

Seu coração tem fé
Coragem e esperança
Pra suportar o que vier
Com alegria de criança

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

NÃO É TARDE

Não é tarde
Dá pra chegar
Eu tiro a gravata e o paletó
Fecho o escritório, desato o nó
E liberto a garganta pra cantar

Não é tarde
Dá pra eu ir...
Eu deixo o carro na garagem
Não preciso dele na viagem
Até do volante eu vou fugir

Não é tarde
Sei que não
Não quero mais controle de nada
Deixo o leme na beira da estrada
E iço as velas do coração

Não é tarde
Para o amor
Deixo a bolsa despencar
Commodity, nem pensar
Meu rol de valores já mudou

Ainda não é tarde
Se eu for agora
Vou-me embora de uma vez
Vou atrás da sensatez
Para me libertar das horas

Abandono a minha vida
Na palma da mão de Deus
São pelos valores Seus
Todas as almas queridas

NÃO SEI TOMAR POSSE

Quando ela abre um sorriso
É como uma flor que se abre
E me fita com o olhar paraíso
Exibe no semblante que sabe

Sabe do meu coraçãozinho mole
Que se derrete, e basta um olhar
Um molhar de olhos que chovem
Inundando a alma de amar

Quando ela abre um sorriso
É o palco no abrir da cortina
Aplausos explodem com isso
Em platéia meu olhar desatina

Quando ela abre um sorriso
Perco a voz em crise de tosse
Não gosto nem de falar disso
Mas dela não sei tomar posse

MAS É VOCÊ

Eu me disperso
Tranço as pernas
Troco os versos
E rimas ternas
Neste texto meio amarelo
Mas é você
Que tanto espero

Numa avenida
Nada elegante
Na prateleira
Um elefante
Até a rua me atravessa
Mas é você
Que não está nessa

Até trabalho
Mas não salário
Eu me atrapalho
Para caramba
Não caio, balanço
Mas é você
Que me deixa bamba

Esqueço a letra
Ou desafino
E é de veneta
Que canto o hino
“Aqui tem um bando de louco”
Mas é você
Que me deixa rouco

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