terça-feira, 30 de janeiro de 2018

IMPRECISO MAR

A vida não é um mar de rosa
Está mais para mar de água viva
Tem embarcação que vive à deriva
Tudo nega e não navega, rancorosa

As mágoas pertencem ao mar morto
Em outros mares, as águas são poesia
E só pode ser um perfume a maresia
Pelo que muitos amores deixam o porto

A vida é um mar, vê-se no horizonte
Para onde a jornada é imprecisa
Quando está para peixe é dia de brisa
Só bem no fundo, o mar é constante

E pode ser um jardim de rosas o mar
Faz-se brando, sob o céu de brigadeiro
Um bom navegador parece um jardineiro
Nada, nada e nada, com mãos de amar

#poesia #poetaamador #yurifelix #yurifelixaraujo

POESIAS, ALGUMAS, PROSAS, NENHUMA

Enquanto O seguia, eu já queria ensinar
E, feito um cego, a guiar outros cegos
Errei muito por petulância, não nego
E peço ao meu Senhor pra me perdoar

Peço perdão aos leitores dos meus textos
Por não saber o que dizer, quando dizia
Em prosa os frutos da minha fantasia
Pouco aprendi, não sei de seis um sexto

Deus não aprovou muitos textos em prosa
E os poemas, só alguns eu tive certeza
Os de adoração e as homenagens às rosas
E talvez os outros que falavam em beleza

Sinto aprovação à poesia, mas não à prosa
Acho que sou dramático e exagero no peso
Escrevo com força, fui injusto, mas não ileso
Deus me repreendeu, e sou sensível à tosa

Caso erre no peso das palavras em versos
A quem veja agruras, a quem quer que leia
E perceba nas doçuras algum lado perverso
Peço que me perdoe e me avise das teias

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

A ESSÊNCIA É AMOR

Luzes sobre pétalas lúcidas, naturais
Feito palmas estendidas em bondade
Das almas sofridas, essa verdade
Do néctar traduzido em gestos florais

Só existe a bondade, o belo, o amor
Todo o restante se esvai com a luz
Podemos confiar no Senhor Jesus
Que tudo regenera e consola a dor

Quem vê a casa não vê o morador
Aconchego não é óbvio na fachada
Ainda mais se a janela está fechada
Não se vê o dono nem o seu valor

O tronco da árvore protege a seiva
Oculta a pérola uma ostra na malha
Já o néctar faz festa na face da dália
Que se mostra sublime, bela e meiga

Enquanto a flor seduz a temida abelha
Que mostra o ferrão e esconde o mel
Uma tempestade cobre o azul do céu
O amontoado de carvão, uma centelha

Todo tesouro é oculto, o coração também
Mesmo o que seja aberto e sem medo
Tem sempre dentro dele algum segredo
Que pode surpreender de tanto bem

Tudo foi criado por Deus, que é Amor
É de se esperar, por dentro da aparência
Mesmo a de hostilidade ou indecência
Uma essência condizente com o Criador

domingo, 21 de janeiro de 2018

PÉTALAS MOLHADAS

Não tem quem veja uma flor, quando orvalha
Que não a compare à moça, depois do banho
Pele e pétalas, de sensíveis olhares apanham
Por tanto frescor, antes do calor ou da toalha

Esparsas gotas de água se enraízam cristalinas
A água se deita, como numa acolhedora cama
E ama esse âmbito perfumado ao que se soma
Numa união consoante, sapatilhas e bailarinas

Gotinhas brilhantes, feito adorno em seus anéis
Tornam a flor luzente, macia, ainda mais aberta
A moça, por sua vez, uma viva poesia disserta
Escrevendo no piso com seus molhados pés

O que diz em código d’água ninguém traduza
Pois que desvanece, quando evapora o rastro
Permanece, porém, um aroma que define o lastro
E enfatiza o parentesco de toda flor com a musa

CERTO DESERTO

Eu creio que Deus pode nos dar um amor
Cujas circunstâncias o fazem imprudente
E quanto maior o amor e, se você não for
Maior em você é Deus no viver consciente

Aceitar a delicadeza do desaconselhável
Recusando os fortes apelos de motivos maus
É como um mar que não lança ondas no cais
Para não inundar o porto, não causar o caos

Ao represar as ondas, apesar dos ventos
No intento oceânico de proteger a costa
Não deve saber uma mulher, em lugar isento
Que torrente a poupou, ao que seria exposta

O que Deus desaconselha só nos faria o mal
Embora a imprudência tente minimizar o efeito
Somos feitos direitos, e direito é o prazer real
Não convém sorrir amarelo e viver sem jeito

Esse amor que Deus semeia em solo fértil
Mas que fecunda sem água, em voluntária dor
É o fogo de uma fornalha que purifica o ouro
O deserto prova o hospedeiro do verdadeiro Amor

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

É DE SE FESTEJAR

Parece vestida para a Missa
A miss que honra a sua planta
Pela pura postura de noviça
Cuja sensualidade não conta

Seu semblante atrai admirador
Mas não atiça o apetite do lobo
Atrai poemas de um poeta bobo
Com afeto afetado pelo frescor

Encoraja a pureza de lhe amar
Até a vontade de lhe cheirar
Que ela estimula por ser linda

Presença marcante e feminina
Feliz esteja em qualquer lugar
Até a raiz festeja a Pendulina

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

DO OSSO DA COSTELA

Sinto tua presença tão perto
Onde não estou muito certo
De não haver mais ciúme
É como respirar o perfume
Não com o nariz, decerto
Mas com o coração aberto

Dentro de um tempo paralelo
Ao som de um violoncelo
Cujo arco seja íris, ou beira
Pincela o céu com uma cor
Que mais parece uma dor
De uma solitária estrela

Vejo que estamos a sós
Olhando no céu um só Sol
Com piedade do astro
Que, casto, chora o arrebol
Lançando sua luz à Lua
Que também flutua só

Parece um nó na garganta
Uma cantiga que não canta
Uma manta que não cobre
Não é um sentimento nobre
Mas um lamento, talvez por ela
Não de coração, mas de costela

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

CIBELE PARECE SIBÉRIA

Com neve nos teus cílios
A frieza lhe parece normal
Mas por dentro da tua teima
Tem um vulcão que queima
Agrava o aquecimento global
Não deixa, Cibele, teu coração virar Sibéria
É claro que no teu peito não cai neve, Cibele
Beleza, La Bele, não é motivo de ser séria
A ponto de gelar a quem aprecia tua pele

Não joga neve, Cibele
Não faça como Valéria
Não é de gelo tua cútis
Tu nem és de Yakutst
Não te faz de Sibéria

Aliás, lilás não é tua cor
Tu és de braseiro, galega
E tens fogo à flor da pele
Causa incêndio onde chega
Inflamável e amável Cibele

Se vivesses no Alaska
Seria de lascar iceberg
De provocar avalanche
De remexer the Foraker
Fora na hora do lanche