sábado, 13 de janeiro de 2018

A ESPERADA CONQUISTA

Ela diz “não gosto de amor de poeta”
“Porque fala, fala muito e nunca acerta”
O poeta, porém, lhe perguntou, doce:
Prefere a pegada que desconcerta?

Ela queria dizer o que era, mas não sabia
Titubeou na frase, e parou no meio
Ele disse: a liberdade não parece amável
Enquanto que o domínio, sim, embora feio

Ela disse de um homem que a abordou
E, ousado, tomou-lhe nos braços
E a beijou com tanto desembaraço
Que fluiu um arrepio em ondas de “amor”

O poeta perguntou o que depois acontecera
Ela lamentou com os olhos no horizonte
Que ele havia lhe tirado toda a alegria
Pois, quanto mais perto, ele mais longe

O poeta então lhe disse que o poder
É uma motivação imperialista, apetitosa
Alimenta-se de conquistas e não se alia
Porém, ganha impulso para outra tosa

Ela perguntou ao poeta, muito intrigada
“Por que o amor de poeta me parece chato”?
Ele respondeu que são amores castos
Pois que não invadem, não usam brigada

Ela foi sincera: “detesto suas poesia bobas”
“Acho que as fez para mim e não agradeço”
O poeta sorriu e disse que a poesia acerta
Mesmo que o poeta erre, sabe o endereço

Os versos são brancas pombas correios
Que sabem onde ir, à revelia do remetente
Ele pode se inspirar numa terra sedenta
Por um “forte”, um explorador insistente

E sua poesia tocar um coração inocente
Que preza pelo respeito, e enxerga o amor
Como um tesouro vivo, levado em andor
Cheio de um calor que ela, ao ler, o sente

Ela foi tomada por um susto e o seu riso
Que antes era firme, foi se desmilinguindo
O poeta, contudo, continuava sorrindo
E e a tranquilizou: o tempo coa tudo isso

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