domingo, 21 de janeiro de 2018

PÉTALAS MOLHADAS

Não tem quem veja uma flor, quando orvalha
Que não a compare à moça, depois do banho
Pele e pétalas, de sensíveis olhares apanham
Por tanto frescor, antes do calor ou da toalha

Esparsas gotas de água se enraízam cristalinas
A água se deita, como numa acolhedora cama
E ama esse âmbito perfumado ao que se soma
Numa união consoante, sapatilhas e bailarinas

Gotinhas brilhantes, feito adorno em seus anéis
Tornam a flor luzente, macia, ainda mais aberta
A moça, por sua vez, uma viva poesia disserta
Escrevendo no piso com seus molhados pés

O que diz em código d’água ninguém traduza
Pois que desvanece, quando evapora o rastro
Permanece, porém, um aroma que define o lastro
E enfatiza o parentesco de toda flor com a musa

Nenhum comentário:

Postar um comentário