sábado, 6 de janeiro de 2018

NA JANELA DA MEMÓRIA

A beleza dela não é comum, mas muito rara
Como, na culinária, a mais fina arquitetura
Em que a flor de sal deixa salgada a doçura

Seu sorriso não é só de rosto, mas de aura
Como se o ar que contorna a sua pessoa
Fizesse festa e ecoasse a fisionomia clara

A moldura dos olhos com acentuados cílios
Completam a pintura na mais alta harmonia
Como o retrato de zelosa mãe e seus filhos

Sua elegância de uma fragrância indizível
Penetra o peito, provocando abalo sísmico
Como uma sisma, ela incomoda no íntimo

Jamais ela passou desapercebida, nunca
Mesmo quando eu era cego, eu via a nuca
Mais linda que, em toda a vida, jamais vira

E em cada detalhe do seu semblante doce
Eu morria, me esquecia, imergia em poesia
E já não via mais nada, fosse o que fosse

Amadureci e já não vivo de fantasia. E ela...
Continua linda, calma, debruçada na janela
Da memória repleta do olor de flores e dela

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