sábado, 31 de março de 2018

PELA SUAVIDADE

Sem ser vista, flui a flor pelo ar
Embora, ela exale estonteante
Sua cor não voa com o aroma
Nem está no ar nem vai a Roma
O brilho dourado do semblante

Nesse estado invisível, ela voa
Sem resistência, entra e inspira
Invade o peito aberto do poeta
Mas vai onde ninguém penetra
E acerta o alvo que não mira

Até pode ser vista como arma
Mas é do bem e, pelo bem, atira
Em vez de derrubar, faz-se de ímã
Bem diferente da rosa de Hiroshima
Perfume de flor nos dá mais vida

Seguidora de Deus, obediente
Ela corresponde à sua essência
É fiel à raiz, e se alguém a arranca
Morre perfumando quem a desbanca
Perdoa e continua linda por leniência

sexta-feira, 30 de março de 2018

SORRISO QUE PRENDE

Tem expressão que rebenta num instante
Gentileza que se espalha em todo o rosto
Uma pirotecnia, com o semblante posto
Numa generosidade de alegria gritante

Tão logo invoca o estonteante regozijo
Meu coração pipoca ante explosiva flor
É assim como nasce um destemido amor
Que se reflete no brilho de igual sorriso

Quando acontece dessa feição aparecer
Surpreende como uma explosão incisiva
Não eram os olhos a esconderem a ogiva
Uma vez que até a alma nos deixam ver

Mas é de imaginar a munição armazenada
Um arsenal guardado, lotado de força e luz
No coração lapidado no caminho da cruz
Muitas provações divinamente planejadas

Um rosto capaz de expressar tal grandeza
Pertence a uma alma repleta de amor
Sempre habitada por Deus, nosso Senhor
Que resplandece na face em luz e beleza

Daí ela parecer fogos de artifício em festa
Quando sorri de repente, repete situações
Uma explosão estelar a criar constelações
Um enxame de flores numa linda floresta

Quem haveria de salientar algum defeito?
Ou grifar a grife de um acessório qualquer?
Se o sorriso diz tudo dessa linda mulher
É que, quando se abre, nos prende de jeito

quinta-feira, 29 de março de 2018

INEVITÁVEL NEVE

Minha lira levanta no fim da tarde
Quando amanhece minha poesia
Pois, mesmo que adormeça o dia
Adia o entardecer da saudade

Dormir durante a noite, até tenta
Mas sempre ostenta versos a esmo
O sonho no sono sopra e acalenta
Mas no banho, já toma outro termo

Não tem como não sentir saudade
Na verdade, é lealdade inconsciente
Cientes almas em amálgamas
De gamas de cores incandescentes

Ardentes lembranças nunca apagadas
Lavradas em pensamentos latentes
Numa longa história de toda a jornada
Exala a memória de corações quentes

Mas se a estação ainda não é o Verão
Porém, o Inverno em seu pleno vigor
Embora a saudade não se dobre ao frio
A neve é inevitável sobre o amor

Hiberna por milênios a inabalável flor
E basta que um belo dia abra o sol
Sobre ela e derreta o que cobre o amor
Que logo rompe o escuro um arrebol
E o céu aos poucos toma outra cor

TERNURA

Terna feição de verdadeira bondade
Em que se nota a supremacia da paz
Deleita-se nessa doçura e muito mais
As formosuras derivadas da verdade

Em seu semblante pleno de dignidade
A alma já não se trata de um conteúdo
À flor da pele, ela resplandece em tudo
Fisionomia de pureza e autenticidade

Ferve em você generosidade sem fim
Por sua causa, todo lugar é um jardim
Todo dia é lindo, esteja onde estiver

Sua postura não é questão de cultura
Reflete sua essência e externa ternura
Todos percebem e honram toda mulher

terça-feira, 27 de março de 2018

O INIMIGO É O MEDO

A fé pode nos livrar dos medos
Que nos levam a brigas e rupturas
Os mesmos que nos escravizam
Com terror e outras tristes leituras

Só o Senhor Jesus, com imenso amor
Pode impedir a nossa autodestruição
Se estamos presos à loucura do poder
Precisamos olhar para a Sua Paixão

Com medo, não conseguimos amar
Com um pé atrás, ninguém se entrega
E, se não amamos, não podemos ver
A paz que é, quando o amor nos pega

Esses medos que nos levam a querer
Dominar, em vez de amar e amar
Roubam a piedade, a raiz do amor
E nos prendem indefesos ao horror
Na horrível postura de não se dar

O antídoto desse veneno é olhar
Para o próprio Amor que se nos deu
E foi crucificado pelos nossos medos
Que geram inveja, violência, enredos
E nos fazem desleais, assim sou eu

Que Jesus nos liberte dessa ditadura
De uns contra os outros, querer atar
E nos dê um coração humilde e doce
Fosse pobre, já saberíamos amar

segunda-feira, 26 de março de 2018

PRISIONEIRO LIVRE

A leveza não veza o olhar
Porque a beleza deixa partir
Mas prende a alma saudade
De uma verdade, antes de ir

A verdade que permanece
Inteira, completa, no fundo
Que força me faria a deixar
Pelas migalhas do mundo?

O vento, a chuva, sol a pino
Não corroem na alma uma luz
De fonte perene, o profundo
Mistério me dado por Jesus

Não há liberdade maior que
A de um prisioneiro do amor
Sempre pode se desprender
Mas perde seu perfume a flor

A escolha determina a vida
A rolha, a garrafa e a vinha
E eu, esmagado, sou vinho
Na tua boca, escolha minha

sábado, 17 de março de 2018

ENDEREÇO

Vou te dizer onde eu moro
Onde eu canto, onde vivo
Onde até dou gargalhadas
E durmo, e sonho contigo

Vou te dizer onde eu moro
Em paz, até em desvario
Rio, com vista para o amor
E amo como represa um rio

Vou te dizer onde eu moro
Não que ache que tu venhas
Nem sei se tu voas ao andar
E se andas sobre a penha

Vou te dizer onde eu moro
E devoro cada minuto do dia
No alto de um fácil edifício
Invisível, se não há poesia

Vou te dizer onde eu moro
Oro e choro de porta aberta
Para que entre uma aragem
Com viva inspiração de poeta

Vou te dizer onde eu moro
Onde não correm os correios
Totalmente fora da caixa postal
Mas inteiro em meio aos emeios

segunda-feira, 12 de março de 2018

SE LIGA, LIGADO ESTOU

Fui amar, sem cautela, sem reserva, sem medo
Logo eu, tão sofrido, no passado, desde cedo
Ledo engano, este ano, surpreendido de jeito

Fui me dar, sem ter um parapeito nem corrimão
Logo eu, tão atirado, imprudente que fui um dia
Fui me entregar na sinceridade da minha poesia

Fui ao chão? Eu não, fui ao fundo do poço não!!!
Desta vez, não me perdi nem cortou meu coração
Protegido por meu Deus, em inviolável fortaleza

Fui amar, e amei fundamentado na minha Rocha
Fui amar, e amei direito, com o verdadeiro amor
Fui amar, e estava ligado à Videira, o meu Senhor

Fui amar e só ganhei… Não tinha nada a se perder
Por amar sem egoísmo, sem economia, sem freio
Quando pensei que ia quebrar a cara, não veio

Confesso que temi o erro, tive vergonha dos poemas
Com os temas tão ligados ao velho e insistente enredo
Mas, em tempo, entendi que o erro foi grande acerto

Por misericórdia, Deus me disciplinou e amei direito
Com alegria e despojo, na retidão de Seus preceitos
Com humildade, amei sem ser amado e não morri

Não morri de raiva nem da queda nem de medo
Não perdi a fé nem afetou o afeto, não reduziu o amor
Isso porque estou ligado a Deus, o nosso Senhor

Não estou me gabando, mas agradecendo ao Mestre
Cuja destra me leva. Quem me guia, eu sei Quem é
E digo isso para que você também O busque com fé