ASAS DE ELEVAR

Há que ter delicadeza de colibri
Para amar e namorar uma flor
E um jeito de chegar e de pousar
Saber beijar, com leveza e amor

Há que saber o sabor do néctar
Sem causar danos às pétalas
E pairar no ar, saber parar e recuar
Não chatear nem com cócegas

Pêssegos, maçãs, uvas e mamões
Não são mais doces que as florais
Essas que perfumam o ambiente
E tornam tudo ciente do que é paz

O beija-flor sabe amar porque voa
Entende de flutuar e fazer rodeios
Quando a flor se abre e o olor ecoa
O passarinho não manda emeios

Com um bico comprido e cirurgião
Vai ao âmago da rosa, no seu mel
Esse poeta de asas sabe onde ir
E desnuda aquela flor até de si
Diz quem ela é e a leva ao céu

UM TEMPO DE AMAR

Dentro da poesia

Que se faz de caverna

Onde um amor hiberna

E se interna e espera

O inverno passar

Espera

A era

Quem dera

Espera

Um tempo de amar

Modela

A escultura

Na espera

Da era futura

Um tempo de amar

Espremo no peito o amor

Envolvo com jeito essa dor

Não abro o botão da camisa

Pra não ir com a brisa

O efeito em olor

Fica aqui dentro esse amor

Não importa aonde ela for

Seja com quem estiver

Tenho por essa mulher

A sete chaves, o amor

Dentro da poesia

Que se faz de caverna

Onde o amor hiberna

E se interna e espera

O inverno passar

Espera a era futura

Sutura na alma a ferida

A flor do amor sem saída

Quem sabe, talvez terá cura

O tempo faz uma escultura

O tempo é a mão que lapida

Um dia, haverá de ter vida

E em dia estará à altura

Do que hoje não tem saída

Esse amor que dura

E atura

Modela

A escultura

Na espera

Da era futura

Um tempo de amar

Espera

A era

Quem dera

Espera

Um tempo de amar

VIAGENS DO CORAÇÃO

Um coração livre, o coração livro

Um jardim florido, cheio de flores

Com versos de poesias escritos

Esse aconchego bom de amores

Cheio de coragem, porém, corado

Nunca cala os calafrios da barriga

Como quem foi pego apaixonado

Fica rubro, treme e, absorto, se liga

Coração que vibra mais que bate

Como um pranto em cordas vocais

Quando quebra o silêncio e arde

E o som do canto transborda os ais

Coração que parece cair do peito

Em vertigens de viagens surpresas

Quando mexe nos lençóis do leito

E acha, nos sonhos, pétalas presas

Onde se deita e derrete em vestígios

De amalgamadas almas, um perfume

Do encontros dos sonhos sem litígios

Com o prestígio de auras, puro lume

CORAGEM DE SER AMOR

Flores aladas, os passarinhos
De perfume sonoro, seu canto
Suas penas são como pétalas
E sua ternura enxuga o pranto

Ver um passarinho azul é sorte?
Eu diria que de qualquer cor o é
Um sinal de Deus: "Como te amo"
Declaração assim aumenta a fé

Este loirinho não é sinal de ouro
Embora lembre uma bela aliança
Remete mais ao amor verdadeiro
Num tom trigueiro de esperança

O trigo, quando o vento balança
Parece a revoada de passarinho
E o pão, esse trigo depois da dor
É capaz do amor, unido ao vinho

Capacita-nos a amar esta vida
Se a vivemos com coragem e fé
Há que ter o homem muito peito
Pra ganhar e honrar uma mulher

VOO MUSICAL

Sou um passarinho

Carinho do Criador

Pareço assim sozinho

Mas tenho um ninho

Um doce lar de amor

Com o meu canto

Que balança o galho

Transbordo um tanto

Que em todo canto

A ternura espalho

Caso não me ouça

Por ser doente do pé

Um tornozelo que torsa

Se gosta de música, moça

Ruim da cabeça não é

Veja meu voo suave

Como mão de regente

Minha altura é a clave

E as notas desta ave

As manobras salientes

E se dou um rodopio

Pode rir, não é canção

Dependendo do assobio

Até funk causa arrepio

No teu amável coração