MAR DE ROSA

Por nada saber

A não ser o sabor

Que há no amor

De apreciar você

Parece voar

E basta o rosto

É um salto a gosto

Nas águas do mar

É como imergir

Ao redor de corais

Parecem sorrir

Até os vegetais

É como vagar

Por um lindo jardim

Ou comer um quindim

Depois do jantar

Ao coração ferido

É um tipo de unguento

Que alivia sofrimento

Um auxílio cedido

De rosas, um mar

Em pleno deserto

Miragem de perto

Não daria pra nadar

Por nada saber

A não ser o sabor

A prudência mandou

Esperar mais pra ver

Por nada saber

A não ser o sabor

Quero agradecer

À doçura de flor

SOBERANAS SENHORAS

Amorosas rosas

Mais que formosas

Apesar dos espinhos

Exalam seus carinhos

De forma dengosa

Sedutoras rosas

Expressão saborosa

Aos olhos, colírios

Bem mais que os lírios

Boas de aroma e prosa

Inesquecíveis rosas

De natureza porosa

Vulneráveis como flores

Dadas aos amores

Nem um pouco rochosa

Desfila de verde e rosa

Da Mangueira, essas rosas

No Carnaval do meu jardim

Bem que elas reinam assim

Essas soberanas senhoras

NÃO SIRVO PRA ELA

Eu não me quero pra ela

Vejo que é melhor assim

Dá pra ver pela janela

Que ela é mais feliz sem mim

Sorri pelos cotovelos

Sua dieta é hiper sadia

Dorme bem, não é segredo

Acorda no maior sossego

Eu a quis, mas não sabia

Sua vida parece anúncio

De margarina para solteiro

Sua felicidade, prenúncio

Sabedoria de seu Confúcio

Exige respeito, companheiro!

Sempre na moda, desfilada

Tem expressão de não sofrer

Minha miséria seria piada

Ela daria muita risada

Mas não a ponto de a querer

Veja se isso não é mais que amor

Eu a protejo da minha angústia

Só teria a compartilhar minha dor

Ela é profissional e eu, amador

Em matéria de viver, sem astúcia

Mas nem precisava ser zeloso

Ela não está nem aí pra mim

Da janela, dá pra ver seu gozo

Suas amizades, seu ar dengoso

Só cabem flores nesse jardim

AMOR É SACRIFÍCIO

Gigante o sistema solar; infinito, o Céu

Grande é a Terra, bem maior, o Sol

Com a mesma motivação do astral rol

A abelha cultiva a flor e fabrica o mel

Antes, porém, que um distraído planeta

Ou desvairada estrela se desvie da rota

Deus nos salva da definitiva derrota

E espalha cores de alegrias na palheta

Que imenso afeto de olhar bondoso

Que coração mais lindo e acolhedor

Acordamos toda manhã com o saboroso

Banho noturno do Seu infinito amor

Agradeço ao meu Senhor pela doce Paz

Porque nos ilumina com Sua terna luz

Pela entrega ao sacrifício, a que foi capaz

Agradeço de joelhos, aos pés da Cruz

TRANSFORMAÇÃO

Perfume de romper correntes
Calor ardente de matar o frio
Fogo de apurar sementes
Forno de provas em desafio

No secreto de uma padaria
Madrugada adentro
Fogo alto, forno ardendo

Com a mão na massa
Um padeiro fazendo poesia
Com o trigo que ele assa

A obra, quando acabada
Se já não é trigo, na aurora
A essa hora, se tem memória
As chamas daquela fornalha
São pétalas de uma história
Uma nova vida sem muralhas

ABRO OS MEUS BRAÇOS

Imitando o gesto do Redentor

O meu corpo desenha a cruz

Minha alma em prantos canta

A esperança que me acalanta

Louvado seja o Senhor Jesus

Abro os meus braços

Para te louvar

Meu coração, pleno de paixão

Minha gratidão ao Deus amado

Durante a luta, o meu escudo

A minha luz, em vale escuro

Meu Salvador, muito obrigado

Abro os meus braços

Para te louvar

Me faz feliz a Tua bondade

Na Tua mão, eu vivo em paz

Calor que refrigera a alma

Ensina-me a viver com calma

Em que circunstância? Tanto faz…

Abro os meus braços

Para te louvar

ESTIMA QUE INTIMA

O mundo diz “ame-se”

Mas quer dizer “queira mais”

Você pode não ver, mas...

Há uma armadilha por trás!

O mundo fala “seja feliz”

Mas, no fundo

Não é o que o mundo diz

Se a mídia lhe incentiva

A propaganda lhe estimula

Melhor parar, vide a bula

A inveja nunca eleva

Leva você só para a mágoa

Querer ter o que não tem?

Quem quer o bem de alguém

Incitando sede sem dar água?

Se você tem um sonho

Pergunte a Deus se foi

O que Ele sonhou

Do contrário, é o contrário

Deve ser sonho de otário

Pra semear o que

Só mentindo

Só roubando

Só traindo

Você vai realizar

E quando você usar

Os recursos do inimigo

Lembre-se que precisa pagar

Ele não empresta, o Tuga

Mercenário como é

Ele só vende ou aluga!

Amar-se é amar a Deus

Acima de tudo

Amar-se é amar a todos

E reflete respeito

Na compaixão

No perdão dos defeitos

Ame-se assim

Não como dizem

Essa tal de auto-estima

Parece golpe de esgrima

No lado esquerdo do peito

Uma atitude sem respeito

De quem quer ficar por cima

Melhor que todos nós juntos

É o Senhor, que se esvaziou

Deu exemplo de humildade

Na verdade com que nos amou

A CADA MINUTO

Peço perdão

Se eu canto vitória

Com triunfalismo

Porque falho é o que sou

Em tudo, tudo, tudo

Eu só creio no meu Senhor

Se estou de pé

Ele é Quem me sustenta

E me amamenta

Alimenta a minha fé

Se respiro e não piro

Sei que é por um triz

Que não volto ao pó

Reduzido por uma atriz

NOS MARES DO AMOR

Quando eu andava a esmo

Feito bola de fliperama

Reagindo a tudo mesmo

De acordo com a maré

Mergulhava até na lama

Desesperado em tormentos

Mudava o rumo por enredos

Às voltas com revoltas e medos

Eu me movia por sentimentos...

Não sabia do Seu grande amor

Eu tinha olhos, mas não via

Tinha ouvidos, e não ouvia

Vivia perdido, ó, meu Senhor

Quando me vi desesperado

Sangrava lágrimas no suor

De muitos males, rodeado

Foi que vi a Sua mão

Me resgatando do estrume

Da fúria, do ódio, do ciúme

De uma cadeia de ilusão

Enfim, eu me senti amado

No conforto, por Ti tomado

No alívio da Tua consolação

Voltei a ser uma criança

Pai, hoje Te vejo ao meu lado

E sempre esteve, vejo o passado

Enfim, ganhei fé e esperança

O mundo pode continuar

Como um severo fliperama

Com intuito de me desviar

E apagar a minha chama

São duros os obstáculos

Com seus milhões de cálculos

Mas não me atola mais o drama

Navego nos mares do Senhor

Nos oceanos do Seu amor

No grande amor que Ele derrama

LAVANDO A JATO

E aí?

Diz no que é que deu?

Tanta invenção

Na burocracia

Quanto investimento

Lucro todo dia!

Deu em nada não!

Nada vezes nada…

Nem na natação

Por aí…

Ninguém tá feliz

Veja com a lupa

Quem acumula bens

Acumula culpa!

Sofre a rebarba

Com a barba de molho

Dorme, mas...

Só fecha um olho

Só temos um país em paz

Com a justiça nos trilhos

Só ficam em paz os pais

Vendo futuro para os filhos

Que ambiente você faz?

O que tem você em mente?

Pergunto: semeia a paz?

Ou, por acaso, mente?

O que faz um deputado

Com a credencial do povo?

Primeiro, trai o voto dado

Depois o trai de novo?

O que faz um senador

Nas delações e no Senado?

Lavando notas e provas

Quer dar um fora privilegiado

O que faz um povo

Cansado de ser enganado?

Vem clamando em coro

“Vamos limpar na Lava jato”

SÓ FALTA AMOR

Onde os galhos estão secos

Os olhos ficam inundados

Falta água na caatinga

No riacho e na cacimba

Mas os rostos são molhados

Justo no sertão seco

Em que a dor é traiçoeira

Tem uns urubus sem asas

Que visitam aquelas casas

Sugam sobras da rabeira

Naquele chão cor de cinza

Misturam o pó com a mágoa

De pobres almas fazem lama

Enquanto acumulam a fama

Do carro pipa que vende água

Sei que haverá um santo dia

Em que tudo isso terá fim

Descerá do céu, em Brasília

Sobre a deslumbrada ilha

A ordem de um Querubim

A simplicidade da retidão

Vai mostrar o que era óbvio

O que havia de muito errado

Os recursos eram roubados

E camuflavam com imbróglio

Toda gestão feita com zelo

Atrai as bênçãos do Senhor

Chuva não vai faltar, não mais

Todo o povo terá paz

Sob o reinado do amor