terça-feira, 27 de setembro de 2016

BOM COMBATE

Uma batalha se trava no interior
De um homem que sorri
Uma luta sangrenta com cansaço e dor
Mas que não o impede de dormir

Uma guerra com tiros pra todo lado
Apertos, prisões, lutas corporais
Dentro do coração de um homem calado
Grita um confronto de abismos abissais

Por trás desse rosto que parece brando
Há um bando de argumentos discutindo
Hematomas nos velhos conceitos, quando
Em debate, o ego acaba ressurgindo

E o homem permanece sereno e calmo
Em pé, como se não estivesse desabando
Ele anda com as pernas bambas, claro
Mas não se desequilibra, flutuando

Quem sustenta esse homem vivo
Quando a morte lhe envolve voraz?
Somente Jesus pode lhe salvar do perigo
E compensar seu sofrimento com a paz

Sozinho, anda esse homem pela rua
Num passeio noturno, na escuridão
Como se dançasse com a própria Lua
Que clareia dentro dele um sertão

Esse homem que luta e parece que não
Morre todos os dias e, por Deus, ressuscita
Tem um ringue dentro do seu coração
Mas o próprio nunca vai à lona, pois levita

O confronto que esse homem não evita
Faz barulho nele, sem que ninguém ouça
Em combate, a carne luta contra a vida
E a alma derrama lágrimas, faz uma poça

Onde mora a alegria desse homem que ri
Se não no coração de Deus, protegida?
As batalhas que acontecem, eu nunca vi
Mas as risadas, ah, essas são ouvidas

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

PASSOS NAS NUVENS

Quando a ouço
É osso…
Quando eu ouço
Ela me chamar de “moço”
É quase uma mordida
Ou um beijo no pescoço

Dou passos largos nas nuvens
Vou que dá pé!
Pernas, pra que te ajeito?

Mas não alcanço aquela estrela
Fazer o quê?
É claro que eu aceito

Quando você canta
Dou rodopio no redemoinho
É moinho de moer o peito
Voz que não tem respeito
Com esse ímpeto de invadir

De todo jeito
Sua voz me deixa sem jeito
Com vontade de sumir, sumir
Assumir o leito e dormir, dormir

Dou passos largos nas nuvens
Tenho fé!
Pernas, pra que te quero?

Mas não alcanço as estrelas
Fazer o quê?
É óbvio que eu espero

sábado, 24 de setembro de 2016

PERDÃO, MEU SENHOR...

Peço a Jesus perdão
Por todas as vezes O trai
Peço ao Senhor
Que tenha misericórdia
De mim que sou pecador
E que, por fraqueza, caí...

Ajuda-me, meu Deus!!!

DEIXA-ME E PRONTO

Quando o meu coração não estava
Protegido nas mãos de Deus
A mínima provocação me matava
Que fragilidade tinham os olhos meus

Uma raiva se levantava de repente
Em cólera, eu já partia pra vingança
Não era homem maduro, certamente
Já que me deixava agir feito criança

Deus me ensinou a deixar ela ir
Que vá pra nunca mais querer voltar
Não me mata de saudade, mas de rir
Quem perde é ela, por me provocar

Se somos um é mais a si que ela fere
Já que dói muito mais em quem conspira
Já que fingir, jogar e torturar ela prefere
Fere sua alma essa tal arma, a mentira

Os seus homens já devem estar cansados
De serem usados nesse assombrado circo
Essa mania de enredar seus atos ásperos
É bem melhor me deixar já que não sirvo

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

JARDINEIRO À FLOR DA PELE

Um jardineiro cuida de flor
À flor da pele vou te cuidar
Se o que sente reflete o olor
O meu amor tu hás de exalar

Um mar de amor até no suor
Nunca mais lágrimas de dor
Chorar de alegria é bem melhor
É assim como morrer de amor

Que o horror jamais nos venha
Nem recaídas de tempestades
Nem ventania trazer saudades

Não haja ira, tristeza não tenha
Acender paixão, queimar a lenha
Cultivar o melhor de ti, a verdade

LOURA OU MORENA

Você pode ser chamada de morena
Mesmo que tenha o cabelo louro
O seu olhar azul, se entra em cena
Transforma tudo que olha em ouro

Seria como um arranjo na partitura
Que em nada muda a sinfonia
Se o seu cabelo passou por tintura
Mantém nos fios a verdadeira energia

Onde o pôr do sol é lindo e nos faz bem
E a noite até parece com doces carinhos
Fará o dia se prolongar e a noite, também
O seu olhar sobre a cidade de Ourinhos

Quero muitos fins de tarde com você
De mãos dadas, dados corpos e almas
A calma do seu sorriso irá nos render
E derreter muros, despojar as armas

Eu sei esse amor no que vai dar
E nada rouba minha fé e a esperança
Pois, se é Deus quem ao outro nos dá
Seja loura ou morena, minha criança...
Será sempre princesa, levada ao altar
Minha pequena
Na grandeza de me amar
E tanto tanto
Gentilmente, me conhecer...

CORDAS DO CABELO

A viola violava com seu ponteio
O ponto crucial dentro do ninho
Como, de manhã, o sono veio
Movido ao ti-ti-ti de passarinho

Se o som lembra o brilho de brio
Mais canta a alma na luz do som
O solo de viola é como o sol no frio
Quando nos surpreende o frisson

Choram os nossos segredos
Dedurados no dedilhar delator
Rompendo os ingênuos medos
Genuíno acorde de acordar o amor

Sinta o choro da viola, loira...
Vibrem os fios dos seus dourados
Se invadidos por meus dedos
Haverão de entoar, assanhados

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

AMAR ABERTO

Quando me entreguei ao Senhor
Fiz como um barco à deriva
Sem vela, sem bússola, sem leme
Dado à maré, flutuando sem vida

O Senhor foi restaurando a calha
A malha inferior, impermeabilizou
Compôs o lastro e ergueu o mastro
Costurou, abriu as velas e soprou

Mesmo que tenha me dado o leme
Eu o devolvia, pedindo: comande
E fui singrando mares, em poesia
Atravessando o mar, Deus é grande

Aprendendo a navegar com o perdão
Sob as rajadas de ondas gigantes
Mar aberto, ventos fortes, furacão
E a paz de um barco, náufrago antes

Enfrentando os perigos de afundar
Fundamentando a nau na verdade
Verdes mares dando gosto de navegar
Paraísos, depois das tempestades

domingo, 18 de setembro de 2016

EXIGÊNCIAS DO AMOR

Se o amor nos dá paciência
É porque move todo pedregulho
É porque nos humilha o suficiente
Porque nos arranca o orgulho

O amor é ouro, se nos faz garimpar
Um tesouro a quem se entrega
Ou um torturador pra quem se nega
Você que diz se quer se enganar

Se amar é como carregar pedra
Exige musculatura a quem ama
Ser bom remador pra sair da lama
E fazer poesia como gago soletra

Definitivamente, quem ama é poeta
Um operário de invisível construção
Tem areia, tijolo e cimento à mão
Mas nunca sabe fazer a coisa certa

Uma coisa eu lhe digo, cara mulher
Se suporto a espera e aspereza sua
Não é porque vivo no mundo da Lua
Mas porque Deus me deu essa fé

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

SEGUNDOS NA LUPA DE UMA VIDA

Ela andava como se desfilava
Filava meus olhos, lavava minha alma
Como poderia manter a calma
Enquanto ela, saborosamente, andava?

Depois ela veio na veia, no meio
Meio que embaraçada, desamarrando-me
O cadarço dos segredos, desnudando-me
Veio, encostando os seios, eu creio

Senti o frescor de sua tez nos lábios
E minha mão direita foi errante nas costas
Acho que lembro da cena em postas
A memória do meu tato, eu sei que é hábil

Que saudade daquele momento eu sinto
Não minto quando digo que cristalizou
Quem desprezaria, dizendo: "não é amor"
Se, nas batidas, meu coração não foi sucinto?

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

DERRETIMENTO

O meu coração se desmancha no céu
Quando os meus joelhos tocam o chão
Abraçam-se apertadas as minhas mãos
Todo o meu ser entregue, nenhum véu

Os olhos deste marujo marejam a Teus pés
E se fecham enquanto no Alto navego
De olho diluído no universo, eu me cego
E descanso porque sei quem Tu és

Quando criança, eu me lembro que sabia
Que o Senhor é bom! Eu sabia e confiava
Estava guardada a certeza na minha alma
Não fosse lembrança, como eu poderia?

O Senhor é Pai, o meu amado protetor
Não me deixe nunca me desviar
Nem me perder nas coisas de me enganar
Carrega-me nos braços, onde eu for

Te amo, te amo, te amo, meu Senhor!

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

ASSOBIANDO E ANDANDO

O sono chega sonso
Sabe que chega atrapalhando
Mas faz que não dá conta
Assobia, enquanto chega andando

Continua a sinfonia
Enquanto embala este poeta
E me domina a letargia
Na cama sempre me acerta

Se eu resisto, vou à lona
Porque seu golpe não perdoa
Ocupa-me como se fosse dona
Como se eu estivesse à toa

MÃOS AO ATO

Nas minhas mãos
Brota uma sensação de afago
Como se, muito sensíveis
As palmas apalpassem flores invisíveis
Ou seria sua face risonha e pura?
Sua tez, no meu sonho, fazendo a textura
Num apertar brando em delícia
Deleite de um deslizar suave
Em resposta à minha carícia

Mãos quase trêmulas
Quase frágeis
Repousadas nessa paisagem
Nessa visão de tato
Contemplação de cego
Nesse amor a que me entrego
Antecipando em sentimento o ato

terça-feira, 13 de setembro de 2016

MOLDADO POR DEUS

Sei que as minhas palavras
Não lhe comovem
Nem lhe movem
Seus ouvidos não as ouvem
Os seus lábios não proferem
Seus olhos não as lêem
Não lhe alisam nem lhe ferem
São palavras ocas, estéreis
Para o seu coração armado

Mas se me desse
Um minuto dos seus lábios
Sábios segundos de um beijo
Deixaria na saliva do desejo
Toda a certeza em que caibo
Deus haverá de te dizer
Dentro do seu coração amado
Que todo o meu ser
Foi feito exclusivo pra você
Pelo Senhor moldado

Não tem pressa, porém
Afinal, o amor em si é prazer
Na longa espera, dentro da paz
As ondas do mar da saudade
Já lambem as pedras do cais
E salgam o porto e o curte
Sob o sol, ancora a verdade
Antes que a sombra a furte

Pensa que perdi naturalidade
Mas, deveria, sim, festejar
Que a porção divina crescida
Eleva ao melhor ser o que era natural
É como um pintor que se sabe genial
Todas as técnicas ter aprendido
Depois, pintar como esquecido
À deriva, sem leme, feito uma nau

domingo, 11 de setembro de 2016

O POETA E A LUA

Pobre poeta, não me vês bem
De onde estás, sei que tu me contemplas
Mas tenho nuances invisíveis a olhos nus
Vejo, porém, na tua face, a minha luz
E muito de mim nos teus poemas

Lua, Lua… Princesa que tanto amo
Deito-me na minha insignificância
E deleito-me, infante, na tua visão
Já que és conteúdo do meu coração
Entre tu e eu, não há distância

Pobre poeta, meu cantador
Vivo e transito nos teus versos gris
Não porque me dedicas tua poesia
Mas porque passo pela gelosia
E me escondo nas letras gentis

Minha amada de prata e dourada luz
Deixa-me te ver na noite escura, nua
Sentir o frescor de tua claridade
Banhar-me de ti pra não morrer de saudade
Deixa-me compreender cada fase tua

Vem, poeta do meu mundo
Vagabundo que vaga em sutil gravidade
Vem e flutua como um leve som de flauta
Vem, como se tu fosses um astronauta
Só pode me amar quem tem liberdade

Amada Lua, minha luz serena
Na cena em que tu, linda, protagoniza
E realiza a mais linda luz que deita fria
Tu, que alimenta de paixão minha poesia
Que soa com a brisa que diz Luiza

Preciso te dizer, Lua querida…
Diga, meu Poeta cheio de vida…
Amo-te como jamais amei
Eu sei… Poeta... Eu sei…

sábado, 10 de setembro de 2016

POESIA DE ABELHA

Observo como um aluno
As abelhas ao redor das flores

Quem produz mel
Sabe cortejar uma flor
Conhece sua essência
Quem me dera essa ciência
De alquimia no amor?

Fosse minha poética
Feito uma colméia
Um cortiço de doçuras
À altura de real candura

Fosse minha poesia
De pura matéria prima
Em vez de analogia e rima
Tão cheias de fantasia

Feita no calor, a poesia
Tivesse então igual olor
Extraído de saliva e suor
Secreções da minha flor

Fizesse então poemas
Para oferecer à minha musa
Aquela moça de cinema
Tão repleta de formosura

Então, eu seria como as abelhas
Da sua alma, eu faria poemas

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

CARINHO

Não te vejo quando olho
Mas quando fecho os olhos
Sua visão resplandece
Beijo você quando canto
É pra você o meu canto
Veja o quanto me aquece

Se você não existe
Vixe… eu também não
Esse amor que insiste
Talvez seja um balão
Mas não…

Se é sua voz que me acalma
Sabe chegar na minh’alma
Um tom com o dom de amar
Porque a voz vem de mansinho
Tomando posse, devagarinho
Carinho de sempre me ganhar