Uma batalha se trava no interior
De um homem que sorri
Uma luta sangrenta com cansaço e dor
Mas que não o impede de dormir
Uma guerra com tiros pra todo lado
Apertos, prisões, lutas corporais
Dentro do coração de um homem calado
Grita um confronto de abismos abissais
Por trás desse rosto que parece brando
Há um bando de argumentos discutindo
Hematomas nos velhos conceitos, quando
Em debate, o ego acaba ressurgindo
E o homem permanece sereno e calmo
Em pé, como se não estivesse desabando
Ele anda com as pernas bambas, claro
Mas não se desequilibra, flutuando
Quem sustenta esse homem vivo
Quando a morte lhe envolve voraz?
Somente Jesus pode lhe salvar do perigo
E compensar seu sofrimento com a paz
Sozinho, anda esse homem pela rua
Num passeio noturno, na escuridão
Como se dançasse com a própria Lua
Que clareia dentro dele um sertão
Esse homem que luta e parece que não
Morre todos os dias e, por Deus, ressuscita
Tem um ringue dentro do seu coração
Mas o próprio nunca vai à lona, pois levita
O confronto que esse homem não evita
Faz barulho nele, sem que ninguém ouça
Em combate, a carne luta contra a vida
E a alma derrama lágrimas, faz uma poça
Onde mora a alegria desse homem que ri
Se não no coração de Deus, protegida?
As batalhas que acontecem, eu nunca vi
Mas as risadas, ah, essas são ouvidas