terça-feira, 23 de maio de 2017

AME-A, MAS NÃO A LEVE

Com a leve desorganização das pétalas
Ela revela seu despojado amanhecer
Como cabelos despenteados de uma mulher
Cujos pensamentos descansam do saber

Essa beleza natural de terna humildade
Não pretende a rigidez de ser intocável
Aquela beleza que só se admira de longe
Ao contrário, reside na maciez maleável

Que em vez de distância, promove abraço
Uma flor que se parece com o mole barro
Que se expõe à vida e se entrega ao amor
Que a amassa e faz do nada um lindo jarro

Quanto mais aprecio e conheço, mais admiro
Como amigo, sou um admirador, um aprendiz
Se antes me preocupava, eu a queria pra mim
E assim já sofria com medo de não ser feliz

O egoísmo nos afasta do verdadeiro amor
Porque a flor não nasceu para ser de alguém
Só tem vida, se presa à terra, fiel à sua raiz
Quem a quer para si, não lhe deseja o bem

Rendo-me à contemplação
Desprendida e leve
Não só como amador
Mas alguém que escreve
E precisa da verdade
Porque o amor persegue

Diante da despojada flor
Nesta vida, mais que breve
Vi o sentido do eterno amor
- Ame-a, mas não a leve!

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