sábado, 2 de setembro de 2017

TRAÇOS DO AMOR

Tentando enxergar o amor
Faço analogia em paralelo
E vejo um elo
Como laços que prendem
Não com amarras e tranca
Mas feito abraço que afaga
E não larga
Como ao doce, uma criança

Como o elástico, tua trança
Não é flácido, mas fácil
Se quiseres, desata
Mas nunca desanca
No fundo
É o próprio prisioneiro que se ata
E não deixa por nada essa dança

Envolvimento de fitas de seda
Tão macios, quanto leves
Assim, como um cerco de lebres
Ou, em poesia, palavras ledas
Lidas em braille por um cego

Para a visão, a prisão é o céu
Azul anil, um anel de diamante
Para a audição, silêncio gritante
Ao paladar, tem o sabor de mel

Ao tato, parece água corrente
Ao olfato, é de flores o elo
Como um vibrante violoncelo
Na voz é um clamor renitente

O olhar terno de quem ama
Muda tudo, inventa cenários
Arruma o regaço com um laço
E soa como cantam canários

Tentando enxergar o amor
Vejo o laço que não afrouxa
Embora maleável
É constante como rocha

Apesar de palatável
Muitos o temem
Os corações ficam sólidos
Não se espremem
Lágrimas não derramam

Mas açudes enchem
Os corações que amam

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