quinta-feira, 24 de agosto de 2017

SUPREMACIA DA TERNURA

Tanta delicadeza surge corajosa
Límpida, pacífica, terna, serena
O que seria de uma flor, uma rosa
Ou mesmo da delicadeza morena
Diante da hostilidade danosa,
Sem o afago de uma nova cena?

Leve, humilde, macia e formosa
Surge o que não é de cinema
O simples que aqui e ali pipoca
Coça, arrasa, apaga, destroça
Toda insensatez e seus lemas
Anátemas da boa terra nossa

Uma florzinha na cerca, lá na roça
Um filhote de baleia salvo na praia
Música que emociona quando toca
Mãe com a criança na barra da saia
Uma arraia que nada como se baila
Uma mala na estação ferroviária

Plena lucidez tenaz que inspira paz
Plácida luz sobre a ludicidade lírica
Da empírica construção desta poética
Amadora decoração, de rústica ótica
Com a temática do amor, sem lógica
Na dialética da observação crítica

O simples e o complexo fazem sexo
No anexo de um texto quase risível
Esta poesia só tem sentido em nível
De reflexo, não é pra deixar perplexo
Nem após este vigésimo nono verso
Em que volto a falar de flores: lírios

Liras e harpas exalam doces músicas
Mas não soam perfume como os lírios
Suaves como aves, mesmo os híbridos
São tão delicados e cabem como luvas
No canteiro, na varanda e na janela
Ao redor dos sonhos que brotam dela

Nenhum comentário:

Postar um comentário