Eu queria cantar
Eu queria compor
Eu queria escrever
Um poema para amar
Mas há tanto pra fazer
Sem justiça, parece ironia
A poesia não existe
Qualquer verso é triste
E insiste na vã falacia
Pois, diante da miséria
Uma rima ri da fome
Uma frase não se come
Nem a expressão etérea
O estribilho não é milho
Não se faz estrogonofe
Com rodelas de estrofe
Poesia não nutre um filho
Mesmo que se refira ao mel
Não adoça o céu da boca
Poesia é coisa louca
Pra quem estende o chapéu
Eu que sou lá do Nordeste
O bucho faz rima, admito
O ronco parece um mito
Faz cordel como a peste
Mas elevo as minhas mãos
E peço ao nosso Senhor
Que, repleto de amor
Quero servir aos irmãos
Me bota no meio dos políticos
Faz de mim a Sua espada
Ou um mártir que respalda
O fulgor de um novo rítimo
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