segunda-feira, 7 de novembro de 2016

NÃO ERA CIÚME

Quero combater o meu ciúme
Mas não encontro o abdômen
Nem o queixo que deveria socar
Então vi que não tem barriga
Nem pescoço nem rosto
Nem queixada, não tem escopo
Nem tem fachada pra esfolar

Na busca pelo que achei que era
Quase dei uma surpreendente rasteira
Depois de um aú de capoeira
Nos meus estimados cuidado e zelo
Valores essenciais do fundo do baú
Que nada tem a ver com o ciúme
Que não apaga o lume da liberdade
Nem assume papel contra a felicidade

Considerado doentio e desprezível
Portanto, digno de ser tratado como inimigo
O ciúme é filho da inveja e pai do melindre
Ele se manifesta além dos romances
Age por coisas e por amigos
Emburra por competição, disputa prestígio
E isso eu não tenho, graças a Deus

O que achei como vilã e esta era larga
Tive que dar uma voadora na incoerência
Porque o meu zelo é impertinente
Quando por quem o tenho não é promitente
Não assumiu compromisso nem o deseja
Aí é que eu vi o meu erro a corrigir
Fui afoito ao reagir além de lamentar
Fui intruso ao alertar e praticamente dizer
“Era disso que tinha medo quando vi você”

Cada ser humano tem sua liberdade
Ninguém pertence a ninguém
A não ser a Deus
Todos temos o direito a atividades
Estilos, opiniões, expressões
Na mais protegida individualidade
Mas eu sei o quanto é importante a unidade
O amor mútuo, recíproco e puro em paixões
E quando isso acontecer, meu zelo será bom
E os cuidados e zelos dela, bem-vindos
Sei que seremos lindos aos olhos de Deus


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