domingo, 10 de junho de 2018

NÁUFRAGO

Posando assim, de perfil
Com esse olhar indiferente
Nem pra trás nem pra frente
E eu, aqui, por um fio…

Um fio fino de esperança
Esse frio que dói e contrai
Um “viu” que se vê e não vai
Pródigo filho, o piá, a criança

Um náufrago flagrado no breu
Creu que criara a sua ilha
Uma poética movida a pilha
A lanterna que se acendeu

Agora, a flor virou com o vento
E nem nota as forçadas rimas
Olha esse garimpo de cima
Desdenha a busca de alento

E o náufrago, agora afogado
No mar sem par, sem amar
Na mão, a pá, mas sem lar
Cavou, cavou e tá acabado

Seria a história, esse drama
Se Deus não o resgatasse
Se o Senhor não o salvasse
Não lhe erguesse da lama

Seria o destino desse pobre
Se ao Senhor não buscasse
E, em vez de a Deus, se doasse
A ídolo de ouro ou de cobre

Vivesse querendo ser amado
Em vez de amar sem reservas
Estaria perdido nessas selvas
De animais ferozes, cercado

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