quarta-feira, 6 de julho de 2016

INCONGRUENTE

Não sei porque ela
Nem sei porque eu
Sei que não sou músico
Sou, na verdade, rústico
E ela, sim, uma flor
Mas eu sou bossa rova
E ela, rock and roll

Ela ameaça chifres com os dedos
Como o Peter Parker lança teias
Faz bicos com a boca que dá medo
Faz tipos com adrenalina nas veias

Eu, bem devagar, um barquinho
Que, no azul do mar, sem parar, desliza
Um cantinho, um violão, esse amorzinho
Eu, no tom de Tom, tento cantar Luiza

Ela se faz de tonta, escondendo o jogo
Chamas na roupa, brasa no meu coração
Quando esfria um pouco e apaga o fogo
Ela canta divinamente uma linda canção

Alvo que se mexe muito ninguém acerta
Quem me dera, eu tivesse uma voz?
Ou fosse astro do rock, em vez de poeta
Era nela que eu voaria atroz
(Mesmo que desengonçado como albatroz)

Ela é rock and roll; eu, samba-canção
Ela fala fluente e mente em inglês
Eu, só falo coisas do coração

Por não ser descolado, não colo
Uma ironia!!! Mas não ria do antiguado
Ela só queria uma guitarra em solo
E eu, na batida de “João Aguado”

Mas sonho um dia nos encontrar
No dengo de um baile, talvez num balé
O jeito de um, no outro, dançar
Num gesto de brincar de “amar é”...

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