sexta-feira, 1 de julho de 2016

COM O VENTO

A tristeza da qual já não me lembro
As lágrimas, o suor gelado do calafrio
A mágoa do abandono, o sentimento
Que vieram a trote lento, de jumento
Partiram no dorso de um amario

Vai com o vento
Vai com o vento

O amargo de furor num rosto tenso
Os gestos de mau humor, fora daqui
O ar que eu respirava, o cheiro denso
A camisa molhada por não ter lenço
A incrível sobrevivência de um faquir

Vai com o vento
Vai com o vento

A vaidade que com a idade vai vendo
Minha vida de conquistas e vãs vitórias
Se ainda tiver algum imóvel, eu vendo
E compro um automóvel, correndo
Eu não sei pra onde vai minha história

Vai com o vento
Vai com o vento

É improdutivo fazer balanço, eu entendo
A essa altura da vida, nada cheguei a ter
Se não tem o que pesa, sem levantamento
Levante, porém, o que é eterno, eu penso
Será que agora vem um amor pra me ater?

Vem com o vento
Vem com o vento

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