quarta-feira, 4 de abril de 2018

NA PONTA DO LÁPIS

A cada traço dos teus traços que risco
Arrisco-me, no limiar das linhas da face
Já que, debaixo da mesa, a perna samba
Como se os fios fossem cordas bambas
Não haveria esse risco, se não te amasse

Ao desenhar o rosto, contorno a alma
O semblante se faz mais vivo e me abraça
Eu mergulho numa jornada entre virtudes
Desde a lealdade à intensidade da solitude
Repousando na generosidade que me laça

Ah, que viagem é essa? E o sorriso?
Eu me sinto vagando no paraíso
Enquanto minhas mãos delineiam o rosto
Sinceramente, eu acaricio teu bom gosto
E me embaraço no teu êxtase preciso

Não é só quando te desenhava, como agora
Cada flor que descrevia, era tu que eu via
Viajava em transe nas pétalas da flor da vez
Mas contornava e só me confortava na tua tez
A que tinha acesso somente por poesia

Hoje, não sem antes lutar contra o invencível
Volto a deslizar meus dedos na tua feição
Como um cego tateia a quem volta de longe
Feito o sublime meditar de um devoto monge
Revivendo o calor ardente de uma paixão

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