domingo, 15 de abril de 2018

POEMA DE AMOR

Um afeto que ostenta esforço
É como se abre uma garrafa
Contorce seu longo pescoço
Alonga-se toda, carne e osso
Para nos dar um beijo a girafa

Assim faz o poeta, o mendigo
Contorce as palavras em rimas
Como se cada letra beijo fosse
Acha que o amor é arroz doce
Todo dia, dobra o avesso clima

Poema de amor é da coragem
Um doloroso ato de resistência
Na era em que a mídia ensina
A viver ou fingir estar por cima
Parece até falta de inteligência

Não é que o poeta seja menor
Por lhe faltar amor, necessitar
Mas é por ter muito e até maior
Que estica o pescoço sem dó
De se esvaziar e se sujeitar

Diferente do dinheiro que diz
Quanto mais tem mais ganha
O amor é de um muito perdoar
De perder tudo e se doar
Quem muito tem, muito apanha

Mas, passada a ilusão desta vida
Quem mais se doa mais alcança
O que se deu é o que permanece
O perdão vira amor, não perece
Do pobre poeta é a esperança

O poema de amor é um dar-se
Perder-se de dor nestas rimas
Virar-se do avesso, ao doar-se
Como se asas tivesse e voasse
Mas não passa de cair lá de cima

Porque quem se dá se esborracha
Nesta vida, o perder é um morrer
Mas é como semente se racha
Enquanto germina ninguém acha
Arrebenta por dentro até crescer

Mas quando cresce é como árvore
Dá frutos e multiplica o tamanho
Dá sombra e suporte aos ninhos
Nos galhos, pousam passarinhos
É preciso perder por esse ganho

A poesia da estrofe acima veio
De Quem, por amor, oferece-se
Para nos salvar, enfrentou tudo
Para todos, serve-se de escudo
E nos livra do que nos fenece

Se ligados a Ele podemos amar
Sem medo de errar e ser injusto
Pois o Senhor nos alerta, protege
No amor, capacita e nos elege
E compensa em vigor todo custo

Então, o poema de amor exercita
O serviço, acendendo essa chama
Desde de que a Deus ame-se acima
Todo amor é saudável e ensina
Na entrega perfeita a quem se ama

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