Teu olhar quente
Sobre o gelo
Vê a água latente
Fia no fio, no novelo
Vê a seda, cedo
Antes do bicho fiar
Na lagarta ou crisálida
Uma borboleta voar
No nó cego, o laço
Na galinha, o ovo
Na galinha, o ovo
E só enxerga abraço
Nos braços do povo
Só percebe ninho
No covil dos ratos
Teu olhar não vê
Cobras e lagartos
Teu olhar fervendo
Só enxerga a sorte
No amor, vai vendo
Nunca nota a morte
Teu olhar em chamas
Queima folha de jornal
Mas não vê fofocas
Quando focas na Social
Se vivo com mil calafrios
É porque nunca me vês
Matarias o meu frio
Com um soslaio de vez
Teu olhar que aquece
Esquece de me aquecer
Nem vê que me arrefece
Tanta coisa boa a ver...
Por só notares o que é bom
Não me percebes, enfim
Talvez vejas meu Rayban
Mas não o vês em mim
Nenhum comentário:
Postar um comentário