sexta-feira, 10 de junho de 2016

AMOR DE ÁRVORE

Se eu pudesse me mexer
Estenderia ramos até você
Dobraria meu lenhoso tronco
E a abraçaria calorosamente
Afagando-a com a folhagem

Lembro-me das suas mãos suaves
Quando eu ainda, de tão fina
Envergava ante os olhares da menina
Que se orgulhava da sua árvore

Um pouco mais rígida e robusta
Você já não conseguia me abraçar
Gravou-me tatuagem que acho justa
Com um nome, com quem iria se casar

Ele já se foi, eu sei... E você veio
Afagar meu inflexível caule e chorar
Ah… Até seus pensamentos eu leio
Como eu queria agora me desfolhar

Reflete na seiva o que guardo no cerne
Cada minuto vivido da nossa história
O doce dos frutos vem dessa memória
Mesmo que eu caia, quero que eterne

Ainda que eu vire tábua de uma mesa
Ou um cavalete em que esta se equilibra
Emoldurarei sua imagem na minha fibra
E prenderei todo o brilho da sua beleza

Porém, se eu virar lenha de uma fogueira
Estou certa de que terei um fogo diferente
Uma fumaça que pasmará toda a gente
Seu espectro desatando da madeira

Nenhum comentário:

Postar um comentário