Quando a poesia entala
Fica presa na garganta
Respira fundo, vai fundo
Escrever não adianta
Não tente descrever
Muito menos disfarçar
Poesia não é teatro
Antes, tudo confessar
Mas ao narrar o engasgo
A tradução gera ruído
O gemido da alma soa
Ouvi-se o grito do sofrido
Porém, cautela não convém
Um grito preso vira caroço
O da alma não se vê
Surge outro dentro do osso
Não tem por onde fugir
São os ossos do ofício
Poeta não tem segredo
Transparência é seu vício
Que perigo provocar
Uma mágoa em alguém
Se ela não tem amor
A mágoa vira desdém
O desdém vira doença
A sensibilidade se vai
A mágoa é uma nódoa
No sujeito que decai
A generosidade, porém
Do poeta em se entregar
Tira da alma as manchas
Tudo transborda em amar
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