Mesmo um terreno baldio
Pode baldear fertilidade
Se nele rebentar felicidade
Ser bom, o seu grande desafio
Uma rosa não nasce, assim
Sem a nobre missão de roseira
De oferecer amor a quem cheira
Elevando matagais a jardins
Assim, muitos ainda vão falar
O coração de um homem resgatado
Floresce feito terreno abandonado
Em que uma flor resolveu brotar
Seu espírito fertilizou o bruto solo
Espalhando perfume e sabedoria
Fazendo brotar uns mil pés de poesia
Extasia toda a área, dando colo
No subsolo, um mundo à parte
Comovidas com a coragem da rosa
Do amor intrépido da formosa
Minhocas trabalham fazendo arte
E arejam todo o interior da aridez
Ruminando aquela terra batida
Perfurando como brocas a ferida
Supurando e promovendo a calidez
Cada metro quadrado fica redondo
E a gleba urbana, tão desprezada
Ganha ares de requinte, melhor tratada
E esquece o triste passado hediondo
Um invisível semeador promoveu isso
É de Quem vem o amor que transforma
Com certeza o abandono nos deforma
Mas as flores nos devolve ao paraíso
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