É possível ver por trás das pálpebras
Quando se fecham os olhos, revoltados
A visão da alma dá-se além das álgebras
E transpassa a pele e os atos encenados
Quem te magoou não alcança o âmago
As mágoas são águas que podem fluir e sumir
Como águas passadas, levando o amargo
Num barco a singrar lágrimas, você pode sorrir
Deixa ir, deixa embarcar, todo sentimento acre
Pode descer pela cachoeira de prantos diários
Deixa sumir, esvair, feridas daquele massacre
Não reste uma gota poluída de fel temerário
Porque você pode ter sido ferida lá no fundo
Mas lá tem o amor de Deus, que a tudo supera
Deixa que minhas lágrimas reguem profundo
Como um dilúvio, o seu interior numa quimera
Creio que o amor tem esse dom de visitar
De compartilhar entre almas fluxo e influxo
E de ajudar com gestos sinceros, sem luxo
Lustrando com carinho o coração de habitar
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